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Ciro aponta para a direita

O centrão é o caminho da luta contra Bolsonaro?

Ex-presidenciável que não fez campanha contra Bolsonaro, desejou "boa sorte" para presidente ilegítimo e comemora "Lula preso", agora, rasga elogios a Maia e ao "centrão"

Em entrevista publicada pelo sítio eletrônico de Carta Capital, publicada sob o pomposo título de  “Ciro Gomes propõe rebelião da população, de governadores e prefeitos contra Bolsonaro” o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, atualmente no PDT – partido pelo qual foi candidato à presidente, em 2018 – apresenta suas propostas diante da crise de saúde e econômica que se abate sobre o País e o Mundo.

Deixando de lado que ele mesmo, imediatamente após as eleições presidenciais de 2018, desejou “boa sorte” ao presidente ilegítimo, recém eleito em um processo fraudulento, referendando a fraude, afirmando – inclusive – que Bolsonaro deveria agir para merecer o “respeito à autoridade que adquiriu nas eleições”, Ciro se dedica na entrevista a fazer o oposto que sugere o título (dado por uma revista burguesa que o apoiou em vários momentos): não quer uma “rebelião da população” contra Bolsonaro, mas convencer que o mesmo é invencível, e aponta que a saída seria apoiar o “centrão”, comandado por Rodrigo Maia, que ele exalta, como poucos.
Bolsonaro: “não vão removê-lo”

Como poucos cobram qualquer coerência dos políticos burgueses, Ciro diz, agora que “temos na Presidência da República um irresponsável, completamente despreparado”. Assinala que Bolsonaro é “um irresponsável e despreparado, ele tenta se sustentar pela via de confronto, financiado com dinheiro internacional”, ocultando o apoio – direto ou direto – que o mesmo teve de todos os partidos e políticos burgueses (incluindo o então ex-candidato Ciro Gomes e do PDT) no processo eleitoral para derrotar o candidato substituto do PT e da esquerda e, depois dele,  para aprovar vários de seus ataques contra os trabalhadores, como a “reforma” da Previdência.

Segundo Ciro Gomes, o presidente “radicaliza o argumento para uma fração minoritária da sociedade brasileira que permanece do seu lado” que seria composta por pessoas que “não têm empatia, humanidade” e “são exemplos da exacerbação egoísta, pragmática”.  Como toda a burguesia golpista e a esquerda que repete seus argumentos, o ex-presidenciável, e já candidato em supostas eleições de 2022, endossa dados de recente pesquisa “Datafolha na qual despontam ao redor de 25% de brasileiros que apoiam o Bolsonaro, que consideram seu governo ótimo ou bom”, superestimando o apoio ao governo que já não se mostra presente no mundo real, num País em que milhões de pessoas foram às ruas no carnaval gritar “fora Bolsonaro”, em que seus apoiadores são rejeitados em todos os lugares etc.

Tal “estatística” serve como pretexto para endossar a covardia da burguesia golpista, o “centrão”, pois segundo Ciro, “com 25% ao lado dele, os políticos não vão considerar a possibilidade de removê-lo do poder agora”.

Outro aspecto que reforça a covardia, ocultada com bravatas, é que mesmo com a ABIN todo anunciado, em relatório secreto vazado pelo The Intercept, que – em pouco menos de 10 dias – o País deve ter entre 5,5 e 8,5 mil mortos (em cálculos bastantes conservadores) e diante do fato de que o ritmo de crescimento das mortes aqui no no Brasil é maior nas primeiras semanas do que na Itália, Ciro Gomes afirma que “ao longo da crise, serão 5 mil, 7 mil, 30 mil mortos”, para em seguida dizer o óbvio, que Bolsonaro tentará responsabilizar os outros, que ele “segue uma orientação”.

Toda a fraseologia sobre rebelião, cai por terra e o que fica é apenas, não vamos fazer nada por “os políticos”, entenda-se o “centrão” e a oposição parlamentar não vão querer.

“Convencendo Maia”

Toda a política de Ciro Gomes, como de toda a esquerda burguesa e pequeno burguesa,, concentra-se, nesse momento em apoiar a politica dos setores mais criminosos do grande capital, representados pelo “centrão”, que reune a “nata” dos partidos e representantes da burguesia golpistas, como o PSD, o DEM, o MDB etc. Ele mesmo anuncia a submissão ao “centrão”, afirmando que “no bastidor, tentamos construir uma agenda. O interlocutor é o Rodrigo Maia”, presidente da Câmara e dirigente do DEM, a quem exalta, afirmando que “quando a gente trata de determinadas questões sanitárias, o Maia tem absoluta afinidade. Mas quando se abordam pontos econômicos, a partir de uma visão estratégica de longo prazo, ele resiste:

Segundo Ciro, “ele tem compromisso orgânico, ideológico, com esse pensamento, embora seja aberto a diálogo, permeável”, mas “dourado a pílula” afirma: “acho que ele está evoluindo e pode melhorar”. Acredito muito nessa possibilidade, tanto que estou me esforçando”.

Como sempre usa a “seriedade” do seu relacionamento com a direita, com Maia para atacar o PT, com quem trava uma luta eleitoral “tivemos uma reunião ontem (terça 24). Estamos discutindo uma coisa séria, fazendo simulações. O que seria possível pagar a esse contingente de trabalhadores informais, àqueles obrigados a ficar em casa e sob risco de perder o emprego? 800? 500 reais? Uma renda mínima mensal para possibilitar que os brasileiros atravessem essa crise. Aí o PT sai da reunião e anuncia um programa de um salário-mínimo, sem fazer contas, sem se preocupar com as consequências. O Bolsonaro agradece”.

Finalmente, para Ciro, tudo passa por uma cálculo eleitoral. Então, ele projeta: Bolsonaro “fica lá com seus 15%, 20% de apoio, o suficiente para não ser derrubado, vem o resultado final da pandemia, qualquer que seja, ele insiste na tese e depois diz aos eleitores: ou eu ou o PT. Não digo que vá funcionar de novo. Apresento apenas a lógica que move o Bolsonaro. Ele é um louco, mas não só. Não podemos ficar nessa de que ele é louco, basta retirá-lo do poder”.

Exaltando os militares e criticando Lula 

Na entrevista, Ciro também – como de costume – exalta os militares, o mesmo que participaram, e com um papel decisivo, de toda a operação golpista, desde a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, passando pela condenação e prisão ilegal de Lula, da eleição fraudulenta de Bolsonaro etc. Segundo eles, os gorilas golpistas estariam “em uma contradição profunda”.

Semeando ilusões, Ciro estimula a crença de que não há possibilidade de golpe ou “intervenção militar sem o Bolsonaro”. Para ele, “o problema real, econômico e sanitário, afasta qualquer grupo da hipótese de assumir essa responsabilidade no meio da crise. Falo claramente dos militares”.

O que Ciro propõe é “negociar”, “manter o diálogo em busca de soluções”. De fato chegar a um entendimento com setores golpistas para enfrentar a crise produzida pela crise capitalista que o coronavírus aprofunda. Conversa com a direita, é claro, pois até mesmo com os petistas que comungam da mesma política, com os quais assinou nota em comum nesta semana, ele não quer outra coisa que não seja atacara, para defender um entendimento profundo com a direita em uma situação em que como toda a burguesia, Ciro teme a explosão social. O desemprego vai alcançar 30 milhões de trabalhadores. Teremos saques nos supermercados, violência. E não demora”. Diante isso ataca diretamente Lula (que gostaria de ver atras das grades): “Lula é um irresponsável e não tenho vontade de ficar repetindo essa afirmação”, afirma.

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