Em texto publicado na Folha de S. Paulo, intitulado “O Lado Bom do Cancelamento”, o direitista Demétrio Magnoli, ligado ao Instituto Millenium, se aproveitou da nova política identitária da esquerda pequeno-burguesa (o cancelamento) para atacar a esquerda de conjunto.
Antes de mais nada, é preciso dizer que está em voga a prática do “cancelamento”, que é simplesmente censurar (ou tentativa de censurar) algum debate ou debatedor nas redes sociais por ser contra de alguma expressão de pensamento que não esteja de acordo com a esquerda identitária, pequeno-burguesa. Se você não gostou do que tal pessoa falou, então, “cancela” ela.
Efetivamente, uma vez mais, a esquerda da classe média se esforça para evitar, sempre que possível, qualquer luta séria do povo contra a opressão. Para tanto, são usados os negros, mulheres LGBTs etc. como fundamento de mais uma política cosmética da esquerda, a bola da vez é o cancelamento.
Já caindo em desuso estão os “lugar de fala”, o “empoderamento” e outras expressões políticas que não mudaram, nem um milímetro, a situação do povo oprimido brasileiro, pelo contrário, fornecem as mais variadas argumentações para manter uma gigantesca confusão e, por consequência, paralisia da luta.
Magnoli, que nada tem a ver com a luta de nenhum povo oprimido, aproveitou a deixa para atacar a esquerda, dizendo que o cancelamento “segue as lógicas sectárias típicas das cisões e expurgos típicos dos partidos marxistas”.
Ou seja, Magnoli se aproveitou da política aberrante do cancelamento para tentar se mostrar democrático, por um lado, e, por outro, atacar os partidos marxistas, sem citar nenhum único exemplo.
É para isso que serve a política confusa da esquerda pequeno-burguesa: para dar corda para gente como Demétrio Magnoli, que nunca esteve a favor de nenhuma luta popular ou democrática, e, agora, em uma tentativa de ludibriar incautos leitores democráticos da golpista Folha de S. Paulo, quer se apresentar como um democrata.