Márcia Tiburi, ex-candidata do PT ao governo do estado do Rio de Janeiro, viajou para os Estados Unidos no final do ano passado porque sua casa foi invadida e sofreu ameaças de morte por parte da extrema-direita. De acordo com Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, ela vai morar em Paris porque, a partir deste mês, começará a dar aulas na Universidade Paris 8.
“Se o Brasil não mudar, eu não vou voltar. Talvez eu não volte nunca”, disse a também acadêmica.
Parte da esquerda utiliza o exemplo de Tiburi, assim como o de Jean Wyllys – que fugiu primeiro e agora lecionará em Harvard – para promover a ideia de que se trata de uma “resistência” e que eles seriam exilados políticos.
Tratam os dois como mártires. É uma campanha a favor da fuga de ativistas de esquerda para o exterior, algo absolutamente negativo para o movimento de luta contra o golpe. Isso, porque, nos dois casos, embora realmente haja uma perseguição do governo Bolsonaro, não é indo para o exterior que se organizará a luta contra ele. Ainda mais indo dar aulas em universidades, nem sequer articulando um movimento internacional contra o golpe e o governo ilegítimo de Bolsonaro.
Alimentar a ideia de sair do País é uma política suicida da esquerda, que levanta o moral da extrema-direita. Ora, se a esquerda recua (e fugir é um recuo gigantesco), a direita avança ainda mais até dizimar toda a esquerda.
A política correta é organizar a revolta popular contra o governo Bolsonaro, nas ruas, nos sindicatos, nos locais de trabalho, escolas e universidades, nos bairros e favelas. Combater o fascismo com as organizações de luta da classe operária, antes que Bolsonaro implante uma verdadeira ditadura que destrua essas organizações. Essa é a propaganda que deve ser feita, e não a de fugir do País. Porque a esmagadora maioria da população não poderá deixar o Brasil para escapar dos ataques da extrema-direita.