Na sexta –feira dia 20, na cidade de Apucarana no interior do Paraná, um idoso de 64 anos, ao acessar uma rede social se depara com a notícia de uma ação da polícia militar na zona rural da cidade. A notícia era de que a polícia havia , em um trabalho preventivo, abordado 44 veículos que circulavam no local.
O senhor, exercendo seu direito de expressão, fez o que grande parte da população tem feito desde a ascensão das mídias sociais: expressou sua insatisfação e revolta comentando a publicação com a seguinte frase: “esses coitados dependem dos veículos e vem esses ratos para tomar o trabalho deles”. Dois dias depois, na tarde de domingo, a equipe que realizou a operação, após tomar conhecimento do fato e localizar a sua residência, bate à porta do cidadão, e o encaminha para “providências cabíveis”. No ato da condução, o idoso após ser informado que havia cometido uma ilegalidade, se manifesta bastante irritado e alega que tinha direito à liberdade de expressão. Segundo a polícia, o homem detido havia insinuado que os policiais militares estariam realizando o trabalho com objetivo de prejudicar as pessoas que passavam pelo local, e isto seria um desacato à equipe que realizou o trabalho.
Este acontecimento é bastante esclarecedor de qual a percepção do cidadão comum sobre o quadro político atual. Primeiro é em relação ao papel da PM: a palavra usada foi “RATOS”, animais que habitam os esgotos, a sujeira, transmissores de diversas doenças letais ao ser humano. Durante a ditadura militar, “RATO” era a designação dos agentes infiltrados nos movimentos de esquerda pelas forças armadas e o aparato repressivo em geral. Faz todo o sentido que a palavra continue sendo usada em relação a PM, herança espúria do autoritarismo.
Segundo em relação à ausência de liberdade de expressão, nos levando a perguntar: vivemos em uma democracia? A premissa básica tão alastrada pelos defensores de tal sistema é a “liberdade”. Quais são os limites da liberdade na democracia? Certamente não é o direito de expressão. Amparado em qual legislação a PM conduziu o senhor para as tais providências cabíveis? Estavam de posse de alguma intimação ou mandado de prisão? Exatamente em qual artigo do código penal se enquadra o ato de expressar sua opinião em uma rede social?
Vivemos um momento em que não limites para as arbitrariedades daqueles que estão no poder. A polícia militar, como instituição criada para reprimir o povo em defesa da classe dominante, a cada dia mostra-se mais à vontade na sua truculência. O fato de se sentir ofendido torna-se suficiente para a condução de um cidadão que simplesmente exerceu seu pseudo-direito de expressão.
Isto serve de alerta para aqueles, principalmente da esquerda, que agindo como marionetes da direita querem calar a população criando leis que limitem o direito de opinar. A cada ação de reparo moral ganha na justiça, a esquerda festeja sua grande vitória. Isso nada mais é que abrir caminho para que a repressão se fortaleça e se volte com mais respaldo contra aqueles que ousem criticá-la como se vê no episódio de Apucarana.