A imprensa burguesa tem destacado mês a mês a importância do agronegócio para as exportações brasileiras e como uma espécie de motor da economia nacional. Em julho, as vendas externas do agronegócio representaram 51,2% do total exportado pelo país, uma alta de 11,7% em relação aos valor exportado em julho do ano passado (Correio24horas, 1/10/20). Os empresários do agronegócio além de vender mais, estão ganhando muito mais em reais, pois com a desvalorização da moeda nacional, recebem muito mais por cada dólar exportado.
Mas é importante saber o que significa isso na verdade. O forte crescimento do agronegócio não pode ser comemorado da forma que é. Há um alto preço que a sociedade em geral paga para que esse modelo de agronegócio prospere.
O modelo de agronegócio adotado no Brasil usa pesticidas (agrotóxicos) em excesso – o Brasil é campeão mundial no uso de venenos –, usa fertilizantes em excesso – grande parte importado -, a maioria das culturas hoje em dia usa sementes geneticamente modificadas, que causam dano às culturas que usam sementes tradicionais e há obrigação de pagamento de royalties às empresas multinacionais que controlam as sementes no mundo, hoje 10 empresas controlam 75% do mercado de sementes no mundo.
Todos pagamos um alto preço pela expansão do agronegócio. Nos últimos dias vimos o crescimento das queimadas e dos incêndios florestais provocados pelos grileiros e grandes fazendeiros. Essa é uma face do agronegócio para a abertura de novas terras para a pecuária e para o plantio de monocultura de exportação, em geral o soja.
Além da destruição das florestas (na Amazônia legal) e do aumento da desertificação no país (extremo sul, centro-oeste e nordeste), e pelo assoreamento de rios, o agronegócio é responsável direto pelo uso excessivo de água tanto na pecuária quanto na agricultura. Cada cabeça de gado bovino que entra no abatedouro consumiu no mínimo 40 mil litros de água. A agricultura, por sua vez, consome 70% do montante de toda a água consumida no planeta, segundo a FAO (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação). É por isso que se diz que o Brasil exporta sua água, quando exporta os produtos do agronegócio.
Os capitalistas do agronegócio ficam com o lucro e o resto da sociedade fica com os prejuízos. Prejuízos ambientais graves, que custam muito para serem corrigidos, caso o sejam. Prejuízos na área de saúde, por contaminação provocada pelos agrotóxicos, pelo aumento dos casos de câncer e até por grande parte dos casos de depressão e suicídio de trabalhadores – caso principalmente dos trabalhadores de plantações de tomate que usam veneno demais que entra na corrente sanguínea dos trabalhadores.
Os casos de contaminação e morte dos trabalhadores têm sido documentados desde a década de 1970, mas pouco tem sido feito para evitar. Ao contrário de proteger os trabalhadores e a sociedade, o governo golpista tem aprovado a importação de venenos que já são banidos de quase todos os países do mundo.
Há outros modelos de produção agrícola e pecuária que não causam tanto dano ao meio ambiente e à sociedade, inclusive mais rentáveis que o agronegócio monopolista. A opção pelo agronegócio dominante no Brasil é política e de classe. Uma opção pelos grandes latifúndios e pela empresa monopolista. A imprensa burguesa comemora como sendo uma grande vantagem ao país, mas é um dos elementos fundamentais da desgraça presente e futura do país que está perdendo suas florestas, sua água potável, as sementes nativas e a saúde de seus trabalhadores.