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Política do mal menor

O apoio a Maia no 2º turno é tão capitulador quanto no 1º

Grupo do PSOL tenta justificar de maneira esquerdista o apoio à direita golpista contra Bolsonaro, com elementos políticos ainda mais bolsonaristas

Nessa quarta-feira (23), o portal de notícias Esquerda Online publicou um editorial onde afirma que o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) garante que vai apoiar a candidatura “antibolsonarista” no segundo turno das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados que vai ocorrer em fevereiro de 2021.

O editorial tenta dar uma fachada esquerdista para apoiar um candidato da direita golpista e com concordância com a política de Jair Bolsonaro nas eleições à presidência da Câmara dos Deputados. Atacando o PT, esse agrupamento do PSOL tenta mostrar que apoiar o candidato de Rodrigo Maia no primeiro turno é errado, mas no segundo turno seria um grande acerto para derrotar o bolsonarismo. Mas vamos demonstrar neste artigo que a tese do grupo Resistência, corrente interna do PSOL, é errada e extremamente oportunista.

O editorial do Esquerda Online diz que “Opinamos que importa, sim, derrotar Arthur Lira na eleição, pois isso enfraquecerá o governo de extrema-direita nos próximos dois anos. Porém, não é preciso subordinar e diluir a esquerda no campo da direita neoliberal para alcançar esse objetivo. No 2º turno, os votos da esquerda na Câmara (54 do PT, 10 do PSOL e 9 do PCdoB) seriam suficientes para decidir o vencedor”.

E continuam: “Infelizmente, a esquerda não lançou candidatura unificada no 1º turno, deixando com que a disputa gire em torno de dois blocos da direita burguesa: um vinculado ao governo federal e outro à oposição neoliberal. Para piorar, as direções do PT e do PCdoB decidiram integrar o bloco de Rodrigo Maia, justificando que isso é necessário para derrotar o candidato de Bolsonaro”.

A posição apresentada não passa de enrolação para uma política extremamente oportunista. Isso porque se houver segundo turno, os candidatos ligados ao bloco de Rodrigo Maia ou não apoiam incondicionalmente a política de Jair Bolsonaro são da direita golpista e que votaram de maneira favorável a posição de Bolsonaro em todos os ataques a classe trabalhadora.

A tese apresentada por essa ala do PSOL é falsa e o que podemos ver é que no segundo turno quem apoiar Baleia Rossi (MDB), o candidato de Maia, estará apoiando um candidato que dá sustentação à política do governo ainda mais que o próprio bolsonarismo. Uma farsa total.

Isso porque Baleia Rossi votou em concordância com o governo Bolsonaro em 90% das votações nominais da Câmara, já o candidato bolsonarista Arthur Lira (PP) votou com a orientação do governo Bolsonaro em 88% das vezes. Ou seja, o candidato “opositor” de Jair Bolsonaro votou mais com o governo que o próprio candidato de Bolsonaro. Os dados são Radar do Congresso, plataforma do sítio de notícias Congresso em Foco.

Um apoio “tático” extremamente oportunista

Em determinado momento, o Esquerda Online tenta defender a sua política com ataques ao PT e ao PCdoB, dizendo que entraram no bloco no primeiro turno devido à política de cargos e comissões. “Sendo assim, a definição do PT e PCdoB de entrada no bloco de Rodrigo Maia foi determinada pela negociação de cargos e comissões na Mesa Diretora, e não pela necessidade de derrotar o candidato de Bolsonaro”, diz na matéria.

Mas é uma fachada e uma explicação esquerdista para uma política bem oportunista e igual à do PT e PCdoB que eles mesmos criticam. E essa farsa cai por completo quando observamos a fala do grupo de Ivan Valente sobre lançar uma candidatura no primeiro turno e apoiar qualquer candidato que não seja o de Jair Bolsonaro. Em matéria publicada no jornal golpista O Globo, Ivan Valente diz que o indicado do grupo de Maia terá menos votos que Lira no primeiro turno, o que tornará mais valioso o apoio da oposição e dará mais condições de negociar a pauta que será votada nos próximos dois anos na Câmara.

O que fica evidente, assim como fizeram nas eleições municipais do Rio de Janeiro apoiando o “mal menor”, Eduardo Paes (DEM) contra Marcelo Crivella, é uma política oportunista de busca de apoio, cargos e dirigir comissões em troca de ficar a reboque e limpar a “barra” da direita golpista.

A política do mal menor

O PSOL se vale da tese do famoso mal menor. Em determinado trecho do Editorial afirma que “Vale sublinhar a coragem e o acerto da posição do deputado do PSOL, Glauber Braga. Concordamos com ele: o PSOL deve lançar candidato próprio no 1º turno, para apresentar um programa contra Bolsonaro e de diferenciação da oposição neoliberal, se comprometendo a votar contra o candidato do governo no 2º turno, isto é, a votar no candidato que for concorrer contra Arthur Lira (PP).”

Além da farsa de votar no mal menor como vimos acima, o bloco formado por Rodrigo Maia não tem nenhum mal menor e tende a ser ainda pior porque faz parte da direita tradicional e preferida da burguesia nacional. Esse bloco apresentado como oposição ao governo Bolsonaro são justamente os responsáveis para que não siga adiante nenhum dos 56 pedidos de abertura de processo de impeachment contra o presidente ilegítimo e que estão engavetados por Rodrigo Maia.

A articulação dessa “oposição” ao governo Bolsonaro está sendo feita pelo próprio Rodrigo Maia que está indo conversar com a esquerda. Este fato deixa claro que se apresentam e são apresentados pela esquerda como o “mal menor” lançam mão dessa farsa justamente porque são o mal maior e procuram manipular a situação de acordo com seus interesses. A esquerda, e nesse caso o PSOL, ao invés de buscar uma independência política, dá aval à manobra e se coloca como uma nulidade política.

O apoio ao candidato da direita golpista que faz “oposição” ao governo Bolsonaro serve apenas para sacrificar uma política independente dos trabalhadores e se colocar a reboque da direita golpista.

Golpes do tipo “mal menor” devem, portanto, ser superados por uma política mais decidida e propositiva, voltada não a uma administração da situação mas ao acúmulo de forças e experiências por parte dos trabalhadores, para garantir interesses que lhes beneficiem, para superar o “menos pior” pelo que efetivamente interessa à população.

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