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Izadora Dias

Izadora Dias é militante do Partido da Causa Operária em São Paulo, coordenadora do coletivo João Cândido e integrante da secretaria de organização do PCO. É militante anti-imperialista e anti-identitária. É estudante da USP e, além de colunista do Diário Causa Operária, participa do programa matinal da Causa Operária TV, o Reunião de Pauta, às sextas-feiras.

Esmola do regime

O ano dos negros?

A burguesia tenta mostrar que foi um ano positivo para os negros, mas na realidade a população negra é a maior vitima da pandemia, da violência policial e da crise econômica

Durante o ano de 2020 participantes negros foram o ganhadores do principais realities shows na TV Brasileira, como Big Brother Brasil, The Voice Brasil, A Fazenda, MasterChef Brasil e outros.

A imprensa burguesa fez uma grande demagogia em torno dessas vitórias e alguns setores do movimento negro consideram esses ganhos como grandes conquistas do movimento antirracista. Não sei se por ingenuidade ou completa desorientação da realidade, esses setores não conseguem ver que essas “vitórias” são na verdade, uma esmola da burguesia para a população negra que na vida cotidiana são massacrados pelo regime.

Durante a pandemia os negros são a maioria entre os doentes e os mortos, os mais atingidos pela crise econômica gerada pelo período e são as principais vítimas da repressão do Estado capitalista, sendo, de longe, os mais assassinados pela sanguinária polícia militar.

Do que vale meia dúzia de negros campeões de programas de TV, em um ano que a população negra foi trucidada pela política genocida da burguesia?

A pandemia mata mais negros

A pandemia no Brasil já começou com uma empregada doméstica negra sendo a primeira vítima da doença que pegou da patroa, mas diferente desta, não conseguiu um tratamento adequado a tempo.

Segundo os dados da ONG Instituto Polis, que fez um levantamento dos casos da cidade de São Paulo entre 01 de março e 31 de julho homens negros representam 250 óbitos pela doença a cada 100 mil habitantes, um número bem superior em relação aos brancos que são 157 mortes a cada 100 mil. Entre as mulheres negras os números também apontam essa diferença são 140 por 100 mil habitantes, contra 85 mortes de mulheres brancas por 100 mil.

Outro dado levantado pela pesquisa também aponta como os negros e pardos são os que mais se contaminam, já que a cada dez pessoas com mais de um sintoma de coronavírus, sete são desse setor.

Esse é o resultado da condição de vida débil da população negra no Brasil, moradias precárias, trabalhos insalubres, transporte lotado, não tiveram a possibilidade de trabalhar em casa, o famoso Home Office. Além da falta de acesso a atendimento de saúde eficiente, boa alimentação e recursos para tratamento da doença.

Os negros também são a maior vítima da crise econômica

Dos 8 milhões dos desempregado no País, 71% foram negros. A partir dos dados levantados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Sendo então 6,4 milhões de homens e mulheres negras fora do mercado de trabalho, contra 2,4 de pessoas não-pretas.

Em dados percentuais de acordo com o IBGE, na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2020, correspondentes aos três primeiros meses de pandemia, a taxa de desemprego entre os pretos aumentou em 2,6 pontos percentuais  e a dos pardos, 1,4. Já entre os brancos a alta foi de apenas 0,6.

Um outro dado levantado pelo Instituto Locomotiva mostrou que 70% dos negros não tinham nenhuma reserva financeira no início da pandemia de coronavírus e entre os 29% que tinham dinheiro guardado, 12% já usou todo o recurso e 23% gastou a maior parte para se manter durante a crise.

Se no início da pandemia a população negra já estava desamparada, imagina após meses depois do aprofundamento da crise e agora sem o auxílio emergencial. A consequência será o aumento da fome entre os negros e pardos, número que já estava no seu pior índice em 2018, dois anos após o Golpe.

Se não morrer de Covid-19 ou fome, morre nas mãos da polícia

Sem dúvidas, foi um ano de derramamento de sangue preto, por todos o País, as polícias militares bateram recorde de assassinatos, mesmo durante a pandemia a polícia não diminuiu sua ação violenta nos bairros operários e periferias. E segundo a Rede de Observatórios de Segurança, grupo que reúne estatísticas da violência em diversos estados da federação, relatou em julho de 2020 que 75% dos mortos pela polícia no Brasil foram negros. 

No estado da Bahia, o caráter de instituição sanguinária do povo preto que a PM é ficou ainda mais evidente, quase 100% dos mortos pela PM foram negros.

No ano passado, a polícia do Rio de Janeiro matou 1.814 pessoas, o maior número em 30 anos, sendo 86% delas negras. No Ceará, 77% dos casos não têm registro de cor, ainda assim, o percentual de negros mortos é de 87% – maior que o do RJ. E em São Paulo são 63% de negros entre as vítimas – estado onde a população negra representa apenas 34%.

Entre as crianças mortas por “balas perdidas” sempre são negras e pobres moradores dos bairros onde já é habitual policiais chegarem atirando para dos os lados.

Com estes dados fica evidente que para a população negra que não faz diferença nenhuma meia dúzia de ganhadores negros em programas de TV. O movimento negro precisa lutar por mudanças no regime para o benefício de todos os negros, neste sentido, a população negra  precisa de um movimento revolucionário pelo fim do regime de exploração e violência sistemática por reivindicações totalmente independentes da burguesia e da pequeno-burguesia.

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