2020 foi um ano em que tivemos mobilizações importantes, que a polarização política mundial colocou os negros e explorados em movimento, visto os protestos radicais nos Estados Unidos após a morte do jovem negro, George Floyd, fazendo com que a burguesia se assustasse com a quantidade e tamanho das manifestações, que explodiram ateando fogo e quebrando várias empresas e bancos que são símbolo atuais do imperialismo. Não foi um ano antirracista como a imprensa burguesa aponta, como se a “sociedade” estivesse se tornado menos racista.
Ao visualizar as proporções que foram tomando a luta dos movimentos negros e da população diante dos crimes contra negros não só nos EUA, a burguesia tratou logo de se organizar para fazer demagogia com a luta. Tirou imediatamente da reta o capitalismo que é o sistema mais racista e perverso de todos contra a população oprimida e colocou diante dos olhos da população, através da imprensa imperialista o que podemos chamar de cortina de fumaça, o racismo estrutural, “cultural” e o identitarismo. A burguesia continua racista e genocida, e tudo o que a imprensa burguesa fala de antirracismo é pura demagogia.
A esquerda pequeno burguesa, sem direcionamento politico concreto, de braços abertos abraçou toda a manipulação da direita em relação a luta do povo negro. A politica identitária foi usada em seu nível máximo, a “esquerda” e setores do movimento negro não se aguentaram e cederam, capitularam de maneira vergonhosa diante da demagogia da burguesia, que apresentou de pronto uma falsa luta contra o racismo. Empresários e políticos encheram a boca para falar que estavam lutando contra o racismo aprovando cotas para funcionários e abrindo meia dúzia de vagas para negros.
Nos Estados Unidos a burguesia lançou uma candidata a vice presidência, mulher e negra, mas que não tem absolutamente nada a ver com a luta dos negros no país, muito pelo contrário. Na verdade Kamala Harris é porta que abre das prisões, encarcerando milhões de negros e latinos no país norte americano. A medida que aumenta a rebeldia da população pobre contra a burguesia e a opressão, a direita fascista através da imprensa golpista trata logo de esfarelar as mobilizações colocando-as em pautas por menores, como por exemplo derrubar estátuas de pessoas que por algum motivo, seja lá qual for, agiu de forma racista. Nessa toada, absurda e abstrata, até livros do Monteiro Lobato foram criminalizados.
A pandemia, também diante da capitulação da esquerda, foi explorada de forma bastante intensa pela burguesia para controlar os movimentos de massa que se avolumavam de maneira expressiva com verdadeiros movimentos de esquerda as torcidas organizadas aqui no Brasil. “Fique em casa” e “lockdown” eram palavras usadas pela direita e pela a esquerda pequeno burguesa – que faz coro com tudo que a burguesia fala sem ao menos questionar – para frear e esfriar todas as mobilizações contra o governo fraudulento de Bolsonaro e os fascistas no meio do ano.
Portanto não se trata de uma luta contra o racismo cultural com o fim de igualar o negro dentro do regime capitalista, com cotas nas empresas, cotas nas universidades, pois no capitalismo esse tipo de desigualdade jamais vai acabar. A luta do povo negro nesse momento de falência de um regime arcaico, caindo os pedaços como o atual, junto a polarização de classe e politica é uma questão de sobrevivência da população negra e marginalizada. A tentativa da burguesia de atacar as manifestações para conter a radicalização da luta de classe deve ser vista como mais um ataque contra o povo negro.