Em meio à pandemia do coronavírus, a OMS tem dado algumas orientações os países sobre como ultrapassar este momento e uma das orientações é sobre os serviços essenciais que devem ser observados no período. Dentre estes serviços está elencado o aborto, o que levantou algumas discussões na imprensa burguesa que é contraria a essa prática, com as velhas justificativas demagógicas de sempre como a defesa da vida e a integridade da gestante, ou argumentos morais como igualar o aborto ao homicídio ou como contrário à natureza da mulher.
No Brasil, segundo estimativas do próprio ministério da saúde, meio milhão de mulheres abortam ilegalmente por ano, das quais 250 mil sofrem complicações, e estima-se que a cada dois dias uma mulher morra por complicações no aborto no país. Ou seja, mesmo com a proibição legal do aborto e todas as considerações morais que de nada servem, os abortos acontecem clandestinamente. As mulheres com maior poder aquisitivo conseguem abortar em clinicas mais bem preparadas, com chances menores de complicações; já as mulheres da classe trabalhadora recorrem a métodos muito mais arriscados para abortar, como pílulas que causam hemorragia, chás e até a introdução de objetos no útero para expelir o feto. Não surpreendentemente as últimas concentram a grande maioria das mortes. O Estado controlado pela burguesia não é alheio a isso mas as únicas medidas que toma é criminalizar as mulheres que sobrevivem ao aborto, e mais uma vez aqui, as que são punidas são as mais pobres que precisam procurar os hospitais públicos após complicações e são descobertas.
Desta forma, os capitalistas não possuem nenhuma preocupação genuína com a vida das mulheres ou com a vida de seus filhos, caso contrário todos os anos milhares de crianças não morreriam de fome no mundo todo e milhares de mulheres não morreriam vítimas de violência doméstica como resultado das mazelas geradas pelo capitalismo, como de fato acontece. Longe de ser uma preocupação com o bem estar da mulher e seus filhos, a questão do aborto é uma forma de controle do corpo e da reprodução das mulheres pela burguesia que usa da moralidade e da demagogia com a preservação da vida tão somente com o intuito de perpetuar seus interesses em detrimento dos interesses das mulheres, mantendo-as presas a esse modelo de sociedade e impedindo sua libertação.
Por esta razão, os movimentos que lutam pelos direitos da mulher não devem suprir ilusões com o estado burguês, às mulheres deve ser esclarecido o papel da burguesia na supressão de seus direitos fundamentais e a necessidade pôr fim a este estado para que as reivindicações das mulheres sejam atendidas. Para isto as mulheres devem se unir à classe trabalhadora na luta pela revolução proletária, isto porque apenas com o socialismo os direitos e a liberdade das mulheres podem ser alcançados genuinamente, a exemplo disso, foi com a revolução proletária de 1917 que pela primeira vez que as reivindicações das mulheres foram atendidas, dentre elas o direito ao aborto.
Além disso várias outras medidas foram tomadas, como lavanderias, restaurantes e creches públicas etc., no sentido de proporcionar verdadeiramente a libertação da mulher do modelo de exploração que prendia a mulher à criação dos filhos e ao serviço domestico, algo impensado de acontecer em uma sociedade capitalista que faz questão de manter essas amarras para dominar as mulheres nos mais diversos aspectos.