O Dia Internacional da Mulher tem sua origem na luta das mulheres operárias pelo direito à licença-maternidade e redução na jornada de trabalho. No ano de 1857, em função dessas reivindicações, centenas de trabalhadoras morreram queimadas nos EUA, quando protestavam numa fábrica de tecidos em Nova York. O prédio onde elas estavam fora incendiado pela polícia como forma de repressão ao movimento.
A mulher trabalhadora, não só sofria repressão e violência no ambiente doméstico e social, tal e qual ocorria com as mulheres das classes médias e altas, mas, também, e, principalmente, a sofria no ambiente de trabalho, onde a exploração de sua mão de obra, geralmente, não respeitava as especificidades femininas, especialmente aquelas ligadas à maternidade. Ou seja, era mais explorada ainda que os homens operários, por ser mulher. O movimento de mulheres trabalhadoras sempre foi relacionado a sua luta por melhores condições de trabalho e igualdade de tratamento no ambiente de trabalho.
Paralelamente surgia entre as mulheres mais abastadas movimentos que reivindicavam direitos contratuais e à propriedade e se opunham aos casamentos a elas impostos e ao fato de serem consideradas, juntamente com seus filhos, propriedade dos maridos. Mais tarde essas pautas foram estendidas aos direitos à participação na vida política, em especial ao direito de voto para as mulheres.
Outras reivindicações históricas femininas igualmente importantes se seguiram a essas: liberdade no uso do próprio corpo; legalização do aborto; abolição de regras morais que reprimem e manipulam manifestações femininas em todos os campos e aspectos da vida social, etc.
Com a massiva entrada no mercado de trabalho da mão de obra de mulheres, não só proletárias, mas também de setores médios da população, a partir, principalmente, de meados século XX, houve uma tendência à unificação dessas lutas.
No atual governo bolsonarista estamos vivendo um ataque a todos os diretos trabalhistas, que atinge as mulheres e os homens. No entanto, esses ataques sempre atingem de forma mais brutal as mulheres trabalhadoras. Não é por acaso que no estado de Minas Gerais, por exemplo, o governo estadual de Romeu Zema concedeu um aumento de 42% para os policiais militares, em sua maioria homens, enquanto esses mesmos policiais reprimem com brutalidade professoras da rede estadual em manifestações por aumento salarial.
Também a ideologia de tipo fascista e extremamente retrógrada sustentada por membros desse governo, ligados a alas fundamentalistas religiosas, a discípulos de Olavo de Carvalho e “terraplanistas” e a setores militares, é um ataque frontal a todo e qualquer direito historicamente conquistado pelas mulheres e suas reivindicações e lutas.
No próximo 8 de março as mulheres em luta devem se unir tendo como eixo e palavra de ordem o “Fora Bolsonaro”, pois essa reivindicação exige, “num só golpe”, o fim de um governo que representa uma violência sem precedentes aos direitos e conquistas de todos os movimentos de emancipação feminina. Em todo o país estão previstas várias manifestações de mulheres. Essas manifestações não podem estar divididas em torno de questões muito específicas, nesse momento de retrocesso histórico e de ataques, em todos os sentidos, às manifestações democráticas de todos os setores populares.
Portanto, no próximo domingo, todas as mulheres conscientes de seu papel no avanço de uma sociedade mais igualitária, onde os direitos de homens e mulheres se equivalem de maneira justa e onde as mulheres trabalhadoras são respeitadas enquanto tal, devem lutar juntas pelo fim do governo de Jair Messias Bolsonaro.