A demagogia do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro com sua base social o levou a propor decretos que ampliam a posse e o porte de arma de fogo no Brasil em determinadas circunstâncias. Embora a questão do armamento interesse os elementos da pequena-burguesia e do lumpemproletariado que apoiam o bolsonarismo, a burguesia está decidida em impedir que a população se arme.
O Congresso Nacional, que é dominado pelo chamado “centrão”, isto é, pelos partidos políticos tradicionais da burguesia, que representam os interesses da classe dominante, está preparando uma nova lei para substituir os decretos de Bolsonaro sobre o armamento. O projeto, que está sendo encabeçado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-RS), limita o já limitado decreto bolsonarista, anulando qualquer avanço em relação ao problema do armamento da população.
Segundo a lei que será proposta pelo Congresso, a possibilidade de porte de arma de fogo só será dada para colecionadores e para o “público rural”. Obviamente, o público rural em questão não são os milhões de camponeses e assentados, mas sim os latifundiários e seus jagunços.
O armamento da população é um pesadelo para a burguesia. A nova lei que está sendo discutida no Congresso reforça justamente isso: para os partidos que representam os interesses da burguesia, a população não pode andar armada sob nenhuma hipótese.
Armar a população significaria permitir que os sem-terra pudessem se defender das emboscadas covardes dos latifundiários, que os negros e a população pobre reagisse às arbitrariedades da Polícia Militar e que a esquerda colocasse a extrema-direita em seu devido lugar. Por isso, não há nada mais apavorante para a direita golpista, que quer manter a população refém dos interesses dos capitalistas, do que ver o povo armado.
Se o armamento apavora a burguesia, essa pauta deve ser defendida ferrenhamente pela esquerda e pelos setores democráticos. A burguesia já está armada e utiliza esse fato para exercer sua dominação: o direito ao armamento é garantirá aos trabalhadores condições para alcançar suas reivindicações por meio da força.
