Definitivamente, a pandemia da covid-19 é um divisor de águas que determina um novo mundo. Nesse novo cenário, as relações interpessoais ganharam uma tratamento diferenciado em função do risco de contágio, e novos hábitos para lidar com a saúde influenciaram mudanças na rotina de trabalho em todas as direções.
Segundo levantamento do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), quase 90% das empresas brasileiras promoveram alguma alteração no seu modo de operação durante a pandemia; 27% das companhias que fizeram mudanças têm a avaliação de que elas serão temporárias, e outras 56% dizem que as medidas serão incorporadas parcialmente ou totalmente, e 17% ainda avaliam a questão.
Dentre as mudanças, estão novos produtos ou serviços, home office, e novos meios de vendas.
A pesquisa mostra também que os comerciantes que realizam vendas online se tornaram maioria após a pandemia. Antes da crise, 47% realizavam pelo menos parte das suas vendas por canais online (53% só vendiam por lojas físicas). Agora, 62% vendem via internet, e 38% continuam restritos às vendas em lojas.
Viviane Seda Bittencourt, uma das pesquisadoras do Ibre/FGV responsáveis pela sondagem afirma que: “Nos supermercados, muitos ofereciam apenas a venda em loja física e passaram a fazer o delivery, incluíram vendas por aplicativos. Esse setor foi o menos afetado pela crise dentro do comércio, porque é o que provém bens essenciais para o consumo, e conseguiu se adaptar para a venda online, para a entrega em domicílio, mais rápido do que os demais setores” (Folhapress, 26/7/20).
Apesar de tudo o que vem acontecendo, no essencial, as mudanças não alcançam o sistema capitalista de conjunto, cujas relações sociais se mantiveram inalteradas, sendo sua crise estrutural uma realidade que se agravou com a pandemia.
No que afeta a população de trabalhadores, nós estamos vendo no Brasil um aumento significativo do desemprego e da miséria como consequência do fechamento de muitas empresas, muitas que já não vinham bem antes da crise e com ela desabaram, e outras tantas que não suportaram o impacto econômico negativo com aumento do custo de matéria prima por um lado e escassez na entrega, e por outro, a falta de receita que levou todo o capital de giro, provocando a falência.
O dia seguinte da crise já é uma promessa de tragédia, em que o trabalhador brasileiro tem pela frente o desemprego, a fome, a morte e as sequelas da doença. O “novo normal” de que a imprensa burguesa fala não é a migração das vendas para a internet e o home office, mas um estado de exploração e opressão ainda maior para milhões de trabalhadores no Brasil e no mundo. Para isso, existe uma “velha” solução. A luta pela derrubada do capitalismo de conjunto, uma revolução que coloque a classe operária no poder e apresente uma solução própria na defesa dos interesses e da vida da classe trabalhadora e dos povos oprimidos de todo o mundo.