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América Latina

Novo assassinato: já são 47 ex-FARC mortos este ano na Colômbia

Cristian Arnulfo Sánchez Cuchillo era mais um ex-combatente firmante do Acordo de Paz em 2016.

O ex-combatente da extinta Forças Armadas Revolucionárias do Exército Popular da Colômbia (FARC-EP), Cristian Arnulfo Sánchez Cuchillo, 26 anos, conhecido como Geovany Sandoval, foi o 230º cidadão colombiano assassinado por forças paramilitares de extrema direita desde a assinatura desde a assinatura do Acordo de Paz em 2016.

Apenas em 2020 já foram 60 massacres com 47 assassinatos de ex-combatentes, como mostram os dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e Paz (Indepaz).

Cristian tinha 26 anos e estava desaparecido desde o último dia 11 de setembro, a última vez que teve contato com sua família.

Seus parentes relataram que ele viajou de moto no município de Suárez, departamento de Cauca, acompanhado por um líder comunitário chamado Luis Arley Chagüendo Liponce, que também foi assassinado e que teve seus restos mortais encontrados no último dia 13 de setembro.

Autoridades locais encontraram o corpo de Cristian em avançado estado de decomposição em uma sepultura improvisada, localizada na aldeia Santa Bárbara.

Familiares informaram que ele vivia no povoado de Tacueyó, município de Toribío, mas por problemas pessoais se mudou para o povoado Olivares, município de Suárez.

O ex-combatente das FARC foi assassinado por membros de um grupo armado de extrema-direita que permanece na área.

O agora partido político Força Alternativa Revolucionaria del Común (FARC) publicou uma nota informando que o grupo armado de Jaime Martínez assumiu a autoria do assassinato após o corpo ter sido encontrado com informações de um integrante do referido grupo paramilitar.

Após a exumação feita com o apoio da comunidade local, o corpo de Cristian foi transferido para o município de Santander de Quilichao, em Cauca para os devidos ritos fúnebres.

Na Colômbia, após quatro anos do Acordo de Paz, mais de mil líderes sociais foram mortos. Desde 2016, além dos 230 ex-combatentes, 1.008 lideranças sociais foram mortas sob a tutela de governos de direita.

A decisão das FARC-EP de deixar as armas em busca de um acordo com a burguesia se mostrou uma capitulação no mínimo equivocada. A violência contra a oposição de esquerda não cessou e pelo contrário tem se intensificado.

Uma entrevista da pesquisadora Carolina Jimenez para o site Brasil de Fato trata do assunto.

“Aqui, a cada dez anos a burguesia se cansa de fazer a guerra e há um processo de paz. Depois, se cansa de negociar a paz e volta a fazer a guerra. É como os ciclos de Macondo [cidade fictícia do romance Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel García Márquez]. Esperemos que desta vez não seja assim.”

A reflexão do professor Francisco Toloza, da Universidade Nacional (UN) de Bogotá, em 2013, soa como profecia. Naquela época, a fase pública dos diálogos de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) e o governo colombiano havia apenas começado.

“Sim, foi possível”, gritaria a plateia de mais de duas mil pessoas presentes à cerimônia em Cartagena, quando o então presidente Juan Manuel Santos e o líder negociador das Farc-EP, Rodrigo “Timochenko”, após quatro anos de tratativas, firmaram oficialmente a paz.

O histórico acordo, assinado em 26 de setembro de 2016, tornou-se símbolo de esperança para a democracia mais antiga do continente americano. Prometia-se o fim de uma guerra interna que já vitimou mais de 260 mil mortos e marcou a vida de milhões de pessoas. Mas ficou só na promessa.

Após o acordo, sete mil guerrilheiros ingressaram na vida civil, as FARC-EP entregaram as armas e se transformaram no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum. O fim do conflito e a garantia de participação política são, no entanto, apenas dois dos seis eixos pactuados entre o movimento guerrilheiro e o governo colombiano, em um acordo de 324 páginas.

O documento também previa iniciativas para a substituição dos cultivos ilícitos, a reforma agrária integral e políticas de reparação para as vítimas do conflito armado.

Hoje, exatos quatro anos após a assinatura do Acordo de Paz, lideranças sociais, ligadas ou não às Farc-EP, são vítimas de um genocídio, e vários termos do documento são violados sistematicamente. Essa é a síntese do relato da diretora do departamento de Ciências Políticas da UN, Carolina Jimenez, que acompanha de perto a implementação das medidas pactuadas.

Jimenez faz parte da equipe de assessores e pesquisadores do Centro de Pensamento e Diálogo Político, que atua junto à comissão de verificação criada pelo Acordo, composta por três membros das Farc-EP e três representantes do governo colombiano.

“Paradoxalmente, o cenário de mobilização social que implicou na construção da paz também tem gerado uma investida de violência exatamente contra aquelas pessoas e coletivos que lutam pela implementação efetiva do acordo”, lamenta a pesquisadora.

A Colômbia se converteu num verdadeiro campo de extermínio. Um Estado assassino e terrorista, onde ex-guerrilheiros anistiados, camponeses, defensores dos direitos humanos, indígenas, jovens estudantes, ambientalistas, ativistas sociais e qualquer pessoa que contaria a política de extrema-direita de Iván Duque, um capacho dos Estados Unidos, são sumariamente assassinados pelas forças estatais e paraestatais.

É preciso que toda a esquerda latino-americana denuncie veementemente o que está ocorrendo na Colômbia, uma espécie de laboratório de ensaio para os demais países do continente, onde fica nítido que não existe a mínima possibilidade de conciliação das forças de esquerda de consciência política avançada com um governo de extrema-direita subjugado ao imperialismo norte-americano.

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