Detentora do monopólio da transmissão dos desfiles da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Rede Globo, em acordo com a Liga, pretende implementar para 2021 um novo formato para o pagamento dos direitos de transmissão. Nessa nova proposta, o pagamento não seria mais igualitário a todas as escolas de samba que desfilam, mas seria distribuído de acordo com a colocação de cada agremiação.
Atualmente a Globo é acusada por entusiastas e mesmo profissionais das escolas de samba por não transmitir o primeiro desfile do domingo e da segunda de carnaval, que geralmente são deixados para agremiações “menos tradicionais” ou que acabaram de ser promovidas ao grupo especial. Dessa maneira o espectador nem ao menos pode assistir aos desfiles que muito provavelmente serão rebaixados. Outra queixa recorrente é a não transmissão do Desfile das Campeãs, evento do qual as 6 primeiras colocadas fazem uma nova apresentação e do qual a Globo se recusa a transmitir, mesmo sendo esperado pelo público desde os anos 1990.
Na verdade as escolas de samba, compostas especialmente pelo proletariado fluminense, têm traduzido a insatisfação popular com a política golpista que vem sendo colocada desde 2016. A Globo busca retomar o controle da situação por saber que tanto na Marquês de Sapucaí como nas ruas o “FORA BOLSONARO” é uma palavra de ordem que tomou o carnaval de 2019 e tende a amadurecer e colocar todo o golpe abaixo. Sendo assim, a divisão desigual dos direitos de imagens e seu monopólio são a sua ferramenta para que se sobressaiam escolas cujos presidentes ou carnavalescos estejam mais comprometidos a silenciar a revolta popular apresentada nos desfiles, seguindo a lógica de “quem paga a banda escolhe a música”. Até mesmo a colocação das escolas é bastante subjetiva e por vezes até alvo de acusações contundentes de compra de jurados, de modo que muitas vezes a escola que sai mais elogiada pelo público não consegue se sagrar campeã.
O carnaval não pode estar submetido ao caprichos de capitalistas que enxergam o samba como um negócio, pois na verdade, como dizia Joãozinho 30, os desfiles de carnaval são a ópera do trabalhador brasileiro, logo, onde melhor exprimem-se os sentimentos e desejos deste. Portanto, os desfiles devem ser democratizados tanto nas arquibancadas como nas telas, abaixo ao monopólio privado sobre o carnaval!