A esquerda sai vitoriosa das eleições realizadas no último sábado (17/10) na Nova Zelândia. O Partido Trabalhista saiu vitorioso com a vitória da da primeira-ministra Jacinda Ardern, a qual poderá formar o Governo sozinha. A eleição também marcou uma significativa redução da direita no país, uma vez que o partido Nacional obteve apenas 27% dos votos. Apesar disso não há muito o que comemorar uma vez que tanto Ardern como seu Partido Trabalhista não se opõem diretamente ao imperialismo. A colaboração entre setores da esquerda e o imperialismo na Nova Zelândia não chega a ser uma novidade política, ao contrário, temos visto em todo o mundo uma tentativa de setores da esquerda em se adaptar ao regime político, tornando-se o lado “progressista” da direita, como acontece com o partido Democrata norte-americano. Com o aprofundamento da crise capitalista, o imperialismo vem aumentando sua pressão intervencionista em diversas partes do mundo, seja uma pressão por ameaça militar iminente como vemos na Venezuela, seja financiando e promovendo golpes e tentativas de golpes como os vistos na Guatemala, Paraguai, Equador, Brasil, Bolívia, Bielorrússia, dentre outros. Estas tensões tem criado um ambiente de polarização política que demarca claramente os interesses de classe localmente, e evedencia a contradição entre os interesses imperialistas e nacionalistas. Esta esquerda branda, colaboracionista, exerce o papel de combater a polarização e consequentemente a acentuação da luta de classes e o crescimento da esquerda revolucionária. Este é o papel que Jacinda Ardern vem desempenhando na Nova Zelândia, sendo uma típica representante do imperialismo "democrático", pontuando um discurso repleto de demagogia “progressista” e pouca ação concreta no enfrentamento da relação de exploração sempre desfavorável a seu povo, o que aliás explica os constantes elogios da imprensa burguesa a seu governo. A cooptação da esquerda pelo imperialismo retarda o desenvolvimento do movimento operário e favorece a entrega das riquezas nacionais para os banqueiros. É essa esquerda que o imperialismo fomenta, inclusive no Brasil e na América Latina, com figuras elogiadas pela imprensa burguesa como Pepe Mujica, Alberto Fernández, López Obrador, Fernando Haddad, Flávio Dino, dentre outros. São políticos de esquerda de discurso moderado, reformista, que se esquivam de questões sensíveis como o marxismo ou a contradição entre o imperialismo e suas “colonias”. A esquerda do “bem”, como recentemente qualificou a Folha, se opõem a esquerda nacionalista, que mesmo não sendo revolucionária, tornou-se um entrave para os interesses imperialistas. Assim foram os governos de Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Kirchner e Lula. A vitória da esquerda moderada na Nova Zelândia mantém inalterada a relação de exploração que desfavorece o povo neozelandês. Devemos observar com desconfiança tudo que é elogiado pela imprensa burguesa, nos afastarmos das ilusões e assim construir uma consciência de classe que favoreça a luta contra a exploração imperialista em todo o mundo.