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“Nova CPMF”: Guedes demite Cintra e expressa crise do governo

O motivo pode não ser esse

O secretário da Receita Federal, Marcos Cintra foi demitido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a mando do presidente ilegítimo Bolsonaro, que disse pelo Twitter que a demissão de Cintra foi por “divergências no projeto da reforma tributária” e que “a recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação do Presidente”.

Puro subterfúgio.

O próprio Paulo Guedes, criativo, já tinha até batizado a criança com o novo nome de IMF (Imposto sobre Movimentação Financeira) e já circulava a informação pelo noticiário de uma proposta de alíquota de 48% para a nova bondade.

Cintra declarou em entrevista à revista Veja, que Paulo Guedes e ele estavam em sintonia sobre o mesmo assunto: “O ministro defendeu o tempo inteiro. Ontem mesmo as manchetes dos jornais davam a defesa dele sobre a tributação sobre pagamento, falavam de alíquota, falavam de tudo. Não foi novidade, não. Enfim, fazia parte realmente. Estava sendo analisado. Todo mundo sabe”.

Cintra estranhou que o estopim da sua demissão tenha sido uma palestra do seu adjunto, Marcelo de Sousa Silva: “Aquela palestra que o meu adjunto deu…Olha que coisa curiosa: é a mesma palestra que eu já dei umas dez vezes em vários fóruns. Agora nesse aqui, em Brasília, acabou tendo uma repercussão grande. Tem muito a ver isso. A surpresa de uma repercussão que o presidente provavelmente não havia sido informado. Ele é muito espontâneo em suas reações. Isso acabou gerando um mal-estar e levou a esse desenlace”, disse Cintra à Veja.

Não foi.

Realmente pegou mal para Bolsonaro ser cobrado pelos bolsonaristas sobre suas promessas de campanha, de que não ressuscitaria a CPMF, diante do falatório em toda a imprensa sobre a recriação do imposto pela “equipe econômica”, por assim dizer. A sua base de apoio, do agronegócio aos empresários da FIESP, passando pelo setor financeiro e estrangeiros com investimentos no Brasil, estavam chiando.

Vamos supor que Bolsonaro, na impossibilidade de demitir o próprio Guedes e ficar sem um de seus pilares, mandou cortar a cabeça do Cintra para se fazer de contrariado.

Entretanto, para quem esteve atendo às entrelinhas do poder, a demissão de Cintra vinha sendo urdida há algum tempo por outros motivos. Possivelmente, Bolsonaro, agora, só aproveitou a desculpa de que a reforma tributária tornou-se alvo de discórdia em todas as frentes – um sinal de que o encaminhamento da questão pelo Ministério da Economia tem sido conduzido de forma confusa.

O motivo real é o seguinte: em uma reunião com parlamentares no início de agosto, Jair Bolsonaro questionou o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, sobre uma suposta perseguição que agentes do órgão estariam fazendo contra seu irmão Renato. A informação foi revelada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Vai vendo.

O jornal O Globo revela que o irmão do presidente aparece na Junta Comercial de São Paulo como dono de uma empresa de móveis em Miracatu, com filiais em Juquiá e Iguape, todas no Vale do Ribeira.

Renato Bolsonaro foi candidato a prefeito duas vezes em Miracatu, sem ser eleito. Atualmente faz parte da executiva estadual do PSL, partido do qual se reaproximou após a vitória de Bolsonaro. Ele já havia sido filiado ao partido muito antes do irmão presidente — entre 2007 e 2009.

Renato foi funcionário “fantasma” da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), no gabinete do deputado André do Prado (PR). Acabou exonerado, depois de 3 anos, em 2016, após uma reportagem do “SBT” apontar que, embora constasse como funcionário do gabinete, não batia ponto na Alesp. Ele nunca foi à Assembleia e recebia salário de, olha o número, R$ 17 mil.

Segundo O Globo, o irmão do presidente era o representante do clã na região. O sobrinho, deputado federal e chapeiro internacional, Eduardo Bolsonaro, declarou em suas redes sociais: “O meu tio aqui, Renato Bolsonaro, é o nosso representante no Vale do Ribeira e, com certeza, falou com ele, está falando comigo”.

Certamente por causa desse cacife, Renato era muito visitado em Miracatu, cidade de 20 mil habitantes.

Desde julho deste ano, passaram pelo município os secretários da Pesca, Jorge Seif, de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, além do ministro da Advocacia Geral da União (AGU), André Luiz de Almeida. Até o presidente da Embratur, Gilson Machado, visitou a região em sua primeira viagem no cargo.

O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro afirmou recentemente, no dia 13 de agosto, que uma “devassa” do órgão fiscal mirou os próprios familiares, com a intenção de derrubá-lo na campanha eleitoral do ano passado. O foco, segundo o próprio presidente, foram os parentes do município do Vale do Ribeira, incluindo o irmão.

Pelo que reclamou Bolsonaro,  a mira da Receita não mudou, mesmo depois que ele tomou posse.

De acordo com a reportagem de O Globo, de 15/8/19, apesar das críticas do irmão ao órgão em público e nos bastidores, Renato disse desconhecer qualquer problema com a Receita. “Não sei de nada sobre qualquer investigação do Fisco”, disse.

Parece que Marcos Cintra caiu numa armadilha. E acha que caiu porque o adjunto deu uma palestra sobre a nova CPMF, assunto sobre o qual Guedes falava também a quem quisesse ouvir.

Da mesma forma que Bolsonaro mexeu na cúpula da Polícia Federal para interromper o mexerico sobre os Bolsonaros e as milícias no Rio, ele precisava estancar a “devassa fiscal” em seus parentes de Miracatu, região onde ele nasceu e cresceu, conhecida pelo cultivo da banana.

É mais uma expressão da crise do governo. Agora, gira em torno da reforma tributária.

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