Foi divulgado mundialmente nos últimos dias que uma nova mutação do coronavírus se espalhou na região sul da Inglaterra, infectando mais de mil e cem pessoas num curto período de tempo. A nova variante da Sars-Cov-2 é até 70% mais contagiosa do que as anteriores, o que indica uma constatação possível no mundo todo: a burguesia, em todos os lugares do mundo, é incapaz de combater o coronavírus.
Pesquisadores afirmam que as mutações do coronavírus não são uma novidade, pois desde que o coronavírus apareceu na China e se espalhou pelo mundo, já ocorreram centenas de milhares de mutações. O grande problema é que esta mutação em curso na Inglaterra é mais contagiosa que a atual. Apesar desta ressalva, o governo britânico e a imprensa burguesa admitem que o pior cenário ocorreria se as mutações no vírus pudessem prejudicar a eficácia das vacinas, que acabaram de chegar no mercado.
Ou seja, ninguém sabe o que está ocorrendo de fato e o que pode vir a acontecer. O fato é que a pandemia entrou em contradição com os interesses econômicos da burguesia, dado que implicou uma série de modificações na rotina da economia mundial, colocando em risco negócios em todo o mundo.
Desta forma, a burguesia, apesar do risco iminente de contaminação massiva, manteve os trabalhadores nas ruas para irem trabalhar durante toda a pandemia. Mesmo quando houve proibição do funcionamento de bares, festas, cinemas, etc, os capitalistas não fizeram nada para que os trabalhadores pudessem adotar medidas de precaução. Pelo contrário, fizeram de tudo para que a economia se mantivesse funcionando “morra quem morrer”.
Prova disso é que a Itália atingiu a situação extrema em que morreram tantas pessoas, que não havia mais cemitério para enterrá-las, sendo necessário que as forças armadas utilizassem caminhões e mais caminhões para transportar pessoas para serem enterradas em outras cidades. A região do País em que isso ocorreu, a Lombardia, foi precisamente a que os capitalistas fizeram de tudo para manter os trabalhadores nas fábricas, levando dezenas de milhares para a morte. Agora, a Itália apresenta também a mutação do vírus presente na Inglaterra.
Os principais locais de infecção foram e são justamente o transporte coletivo, os locais de trabalho e de estudo. Nos ônibus, trens e metrôs, tudo se manteve funcionando a todo o momento, aglomerando bilhões de pessoas no mundo todo. Nas fábricas e demais locais de trabalho, não foi diferente. Já nas escolas e universidades, criou-se uma campanha violenta da burguesia para a reabertura total das unidades educacionais. O motivo obviamente não era a preocupação com a Educação, mas o fato da OCDE levantar o dado de que o setor da educação parado correspondia à perda de mais de 1% do PIB mundial! Não é à toa que no Brasil, um dos países que até agora resiste contra a reabertura das escolas, há duras críticas por organismos internacionais.
Não importa quantas pessoas morram no mundo e neste momento são quase 2 milhões de mortos (1.706.513) e quase 78 milhões de infectados (77.556.703). Os capitalistas precisam lucrar, dada a crise econômica, que já pairava na economia mundial antes mesmo da pandemia.
Por isso, a burguesia se omitiu e não fez testes em massa, demorou para o desenvolvimento da vacina, não deu assistência de saúde à população, simplesmente deixou uma boa parte da população mundial para morrer. Isso porque para salvarem seus lucros, diante de uma forte crise econômica, precisam manter a economia funcionando, com os trabalhadores se aglomerando para chegar ao trabalho, o que aumentou os casos e mortes por coronavírus.
A tão propagada “eficiência do mercado” foi reduzida a um sistema completamente falido, que entrou em colapso mundialmente, independente de ser em países imperialistas ou atrasados. Prova disso é que a maior economia capitalista do mundo, os EUA, são o País que mais tem pessoas mortas pela COVID-19: mais de 324 mil! Bem como países também muito ricos, como Alemanha, Inglaterra, França e Itália, sofreram de forma semelhante.
Em alguns locais, a burguesia até teve que conceder temporariamente a estatização de hospitais e unidades de saúde, para poder ter uma atuação mais coordenada para adotar medidas mínimas em momentos críticos, como ocorreu na Espanha e Itália.
Ou seja, os sistemas de saúde capitalistas, privatizados, deixaram claro que o capitalismo é um regime em extinção. O que mostra que a crise do coronavírus – que mesmo não tendo sido superada e agora com mutações gravíssimas, como o caso da Inglaterra – A crise do coronavírus reflete a crise terminal do capitalismo. Mais ainda, que a burguesia, a classe dominante deste regime decadente, não tem qualquer condição de controlar a pandemia e mesmo fazer o povo sobreviver a ela.