O êxito da paralisação nacional deste dia 14, a chamada greve geral, apresenta um quadro crescente de mobilizações contra o governo de Bolsonaro. O movimento continua em ascensão e embora seja difícil quantificar as mobilizações, essas manifestações visivelmente chegaram a superar a última, do dia 30 de maio.
No entanto, é necessário primeiro apontar alguns problemas para avançar. O primeiro deles é que as manifestações, até agora, não têm uma direção política clara. Logicamente, isso é resultado da política, complicada de se sustentar, que é levada pela direção da CUT, que é de corrigir o governo Bolsonaro enquanto se espera as próximas eleições presidenciais de 2022.
Primeiro, as manifestações até agora foram convocadas em nome da defesa da educação e, desta vez, contra a reforma da previdência. Mas os ataques do governo Bolsonaro são muito superiores a esses. Como exemplos podemos citar o problema das leis trabalhistas, o ataque contra os sindicatos, a entrega da riqueza nacional, entre outros. Ou seja, são diversas frentes de ataque.
Defendem que para mobilizar o povo é necessário partir de reivindicações pequenas. Essa ideia é uma deformação de outra ideia, que é aquela de partir das reivindicações mais sentidas pelo povo. No caso presente, as reivindicações em defesa da educação e da previdência são sim sentidas pela população, no entanto, a tendência geral nas manifestações, isto é, o sentimento geral do povo é de colocar o governo abaixo.
O correto, nesse sentido, é colocar a questão do poder em primeiro lugar. O governo Bolsonaro deve ser colocado para fora, não ser corrigido. Isto é, o problema da orientação política é fundamental.
Um segundo aspecto fundamental é justamente o caráter e a amplitude. O caráter atual é que o esse movimento está submetido aos deputados. Fato que limita extraordinariamente o movimento, onde as possibilidades são pequenas.
O PCO defende que é necessário um movimento que visa levantar efetivamente os trabalhadores e o povo em geral contra o governo, de conjunto, que não esteja subordinado aos parlamentares. O que, naturalmente, trará a necessidade de uma ampla mobilização nos locais de trabalho.
Por fim, há a questão da continuidade da luta. A última greve realizada, antes desta, foi durante o governo Temer, mais de um ano atrás. Não é possível fazer greve apenas uma vez por ano. Se continuar assim, o movimento facilmente será derrotado.
Nesse sentido, é necessária a formulação de um plano de luta real, um plano que seja um meio para a mobilizar a população para lutar contra o governo em todos os seus aspectos, que unifique os movimentos populares, estudantes e sindicatos. Que junte todo o povo em um movimento crescente.
Nesse momento estamos atravessando uma sequência de manifestações, ou seja, a tendência à manifestação está presente. Se as direções não convocam as mobilizações, o movimento estará sendo propositalmente dispersado.
O potencial de luta e de greve foi expresso. Portanto, o Partido da Causa Operária defende que nesse momento é preciso, primeiro, tornar a mobilização independente das manobras parlamentares; segundo, formular uma orientação de unidade política pelo fora Bolsonaro, por eleições gerais e pela liberdade de Lula, um plano que vá cada vez mais expandindo as lutas.