A devastação que o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro está promovendo na Amazônia é uma tentativa de dividi-la em grandes latifúndios.
Em lugar de uma política que permitisse uma atividade produtiva, como a exploração da biodiversidade da floresta, a utilização de seus minérios e outras riquezas naturais, bem como a colonização da região para proteção das suas fronteiras, Bolsonaro promove uma atividade puramente destrutiva.
É uma política criminosa que segue e aprofunda o que vinham fazendo os governos anteriores de modo geral: a destruição da floresta para ganho imediato de madeireiros, agropecuaristas e outros. Em nome dessa disso, sofrem também os índios, seriamente ameaçados, pois representam um obstáculo a essa política predatória.
Essa política não resultará em nenhum desenvolvimento do País, mas em uma devastação pura e simples dessa grande riqueza natural brasileira que é a Amazônia.
Há muitos anos o imperialismo leva adiante uma campanha de defesa da ecologia e preservação da Amazônia, acrescida agora da questão do aquecimento global. Nesse marco, a política de Bolsonaro abriu a porta para a intervenção imperialista.
O mais agressivo nessa política foi o presidente francês, Emmanuel Macron. Diante das queimadas incentivadas por Bolsonaro, Macron quer discutir a internacionalização da Amazônia, questão que segundo ele está em aberto, e ameaçou não assinar o acordo Mercosul–União Europeia sem que houvesse uma mudança na situação.
Angela Merkel fez declarações na mesma linha, dizendo que o problema da Amazônia era uma “questão global”, que afetava a todos e por isso exigia medidas.
Essa é uma política cínica do imperialismo, que tem interesses econômicos na região, e não uma preocupação com o futuro do planeta. Inclusive porque esses Estados sempre tiveram, e têm, uma política predatória nos países que dominam e exploram, inclusive na própria Amazônia. Um exemplo ilustrativo é o da Noruega, que ameaçou suspender a compra da soja brasileira caso não houvesse diminuição no desmatamento. No entanto, uma mineradora norueguesa que atua no estado do Pará, região amazônica, foi denunciada pelo Ministério Público, bem como foi alvo de mais de dois mil processos judiciais em razão da contaminação de rios e comunidades com lama tóxica.
A “internacionalização” da Amazônia é, na realidade, uma maneira dos países imperialistas controlarem a região e a explorarem em proveito próprio.
Uma demonstração desse fato foi a discussão do caso brasileiro na reunião do G7, em que os governos dos países mais ricos do mundo, e consequentemente os mais predatórios, discutiram, sem a presença do Brasil, uma “solução” para a Amazônia. A proposta deles é doar US$20 milhões para “ajudar”, o que é na realidade uma forma de adquirir uma pretensa autoridade para ir gradativamente aumentando a intervenção na região, uma vez que talvez não seja possível uma intervenção direta, tal como fizeram em países como Iraque e Afeganistão.
Bolsonaro, por sua vez, aproveitou o caso para se passar por nacionalista e tentar, assim, recuperar alguma popularidade. A realidade, no entanto, é que, além de ser o principal responsável pelas ameaças de intervenção, o nacionalismo de Bolsonaro e dos generais é puramente de fachada. Apenas nesses primeiros oito meses de governo, Bolsonaro e os militares já entregaram a Petrobras e o petróleo brasileiro, a base de Alcântara e agora querem entregar as empresas de energia. Ou seja, entregaram setores fundamentais da economia brasileira e agora se fazem de nacionalistas.
Além disso, Bolsonaro tem uma política aberta de subserviência aos Estados Unidos, para quem vai pedir ajuda. Vale lembrar também que o próprio Bolsonaro já declarou que a Amazônia não é brasileira. Ou seja, embora fale contra a França, estaria disposto a entregar a Amazônia para os Estados Unidos.
A esquerda pequeno-burguesa, de modo geral, apresentou duas políticas igualmente erradas. Uma parte apoiou Macron, em nome do meio ambiente e da preservação da floresta; uma política pró-imperialista. Outra parte rejeita o “Fora Bolsonaro” e se concentra no pedido de renúncia do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, assim como no caso dos ataques ao ensino pedia a saída de Weintraub ou de Moro, em razão dos escândalos envolvendo a Lava Jato. A primeira é uma política suicida, que já levou muitas organizações de esquerda à destruição. A outra é uma tentativa de organizar o governo Bolsonaro, de estabelecer uma espécie de co-governo, o que é impossível, dado que este é um governo de extrema-direita que tem como um dos principais objetivos a liquidação da esquerda.
É preciso deixar claro que a Amazônia não pertence ao governo brasileiro, mas sim ao povo. O governo teria que prestar contas de suas ações à população, mas como sabemos que isso não pode se realizar, principalmente sob o governo da extrema-direita, propomos uma administração popular da região, formada pelas organizações dos trabalhadores, pela população local e as comunidades indígenas.
Esse caso mostra também, mais uma vez, que é fundamental lutar pelo “Fora Bolsonaro”, por eleições gerais e pela liberdade de Lula.