A Executiva Nacional do Psol publicou uma nota no último dia 10 sobre o golpe na Bolívia. Embora a posição oficial do partido seja de denúncia do golpe, é preciso algumas palavras sobre a política expressa na nota do partido e que revela a mentalidade capituladora da esquerda diante da direita golpista.
Diz a nota que “Evo Morales acatou a recomendação da OEA e anunciou a realização de novas eleições gerais, inclusive com novas autoridades no Tribunal Supremo Eleitoral, sinalizando sua disposição para encontrar um desenlace pacífico à crise política. Entretanto, isso não foi suficiente para reverter a sanha golpista das oligarquias”. A nota do Psol deixa implícito que a política de Evo Morales foi correta, mas a direita não se deteve.
Sobre isso, é preciso dizer. A direita não se deteve, a direita estava decidida a dar o golpe. Mas é preciso dizer que a política de Evo Morales e do seu partido, o MAS, favoreceu a ofensiva da direita. Diferente do que faz crer a nota do Psol, ao acatar a recomendação da OEA e chamar novas eleições, ou seja, ao aceitar a primeira ofensiva dos golpistas, a direita se sentiu mais forte para avançar no golpe.
Evo Morales deu espaço para a direita. Da “fraude nas eleições” ao golpe militar que está atirando nas pessoas nas ruas.
Não é que a política de Evo foi insuficiente, como diz o Psol, para frear a sanha golpista. Ela foi capituladora e favoreceu o golpe.
O Psol procura se apresentar como uma alternativa ao PT e à esquerda nacionalista na América Latina. Algumas correntes do partido se apresentam inclusive como revolucionárias. A nota do partido, no entanto, revela que o conteúdo político não diferencia em nada do que fez a esquerda nacionalista. Ainda mais do que o próprio PT, o Psol acredita nas instituições burguesas e na “democracia burguesa”, de que é necessário capitular diante do imperialismo, abaixar a cabeça para a direita.