Na sexta-feira (28), o presidente dos Estados Unidos e candidato pelo Partido Republicano à reeleição, Donald Trump, disse durante um evento de campanha em New Hampshire que os manifestantes tomaram as ruas em protesto contra a tentativa de assassinato do homem negro Jacob Blake pela polícia na cidade de Kenosha, estado de Wisconsin, “não são manifestantes. Não são manifestantes. São anarquistas, agitadores, baderneiros, saqueadores.”
Neste mesmo dia, milhares de pessoas participaram em um grande protesto na capital Washington contra o sistemático assassinato da população negra pela polícia nos Estados Unidos.
Na terça-feira (25), elementos de extrema-direita apoiados pela polícia atiraram contra manifestantes antirracistas em Kenosha. Duas pessoas morreram após terem sido baleadas. Mobilizações explodiram em diversas cidades americanas, como Nova Iorque e Minneapolis.
A extrema-direita fascista organizou milícias armadas para atacar os manifestantes, a qual são apoiadas pelo aparato de repressão oficial. Segundo os fascistas, o objetivo é proteger a propriedade privada dos comerciantes contra os saques e incêndios realizados por parte da população enfurecida.
As palavras de Donald Trump reforçam a intenção da extrema-direita em atacar as manifestações populares. A descaracterização do conteúdo político dos protestos, que questionam a violência contra a população negra e o sistema capitalista, é um recurso da direita para conferir legitimidade à repressão. A situação política no coração do capitalismo imperialista mundial evolui e assume características de uma guerra civil.
É importante destacar que os assassinatos cometidos contra a população negra, parcela extremamente pobre e oprimida, são frequentes nos Estados Unidos. A extrema-direita americana concebe os negros como um perigo para a ordem social e os mantém em estado de terror permanente. De forma similar ao Brasil, as prisões americanas são lotadas de negros, presos principalmente por crimes de baixo potencial ofensivo, como tráfico de drogas.
O assassinato do homem negro George Floyd, no mês de maio, desencadeou protestos nos Estados Unidos e em diversas partes do mundo. Enfrentamentos violentos se verificaram entre as forças policiais e os militantes do movimento Vidas Negras Importam (Black Lives Matter) apoiados por diversas camadas da população, em especial a juventude.
A direita americana busca organizar suas milícias armadas para atacar os protestos do movimento negro. Como resposta à opressão, milícias negras armadas como o Not Fucking Around Coalition (NFAC – tradução: Não Estamos para Brincadeira) se formaram para enfrentar o ataque dos grupos fascistas e brancos supremacistas, que são apoiados hora de forma aberta, hora de forma velada, pelo presidente Donald Trump.