Há 50 anos, no dia 16 de janeiro de 1970, a jovem militante política Dilma Vana Rousseff era presa pela ditadura militar instituída em 1964, que lançou o País na mais completa escuridão e silêncio por mais 20 anos. Aos 22 anos, Dilma, que anos mais à frente seria eleita a primeira presidenta do País, seria vítima de uma das práticas mais bárbaras, crime este que o capitalismo, sobretudo, em sua fase imperialista tornou instrumento de luta política e o expandiu no mundo inteiro: a tortura.
No mesmo dia, 50 anos mais tarde a ex-presidente falou sobre sua trajetória e especialmente sobre experiência dolorosa, dentre outros temas, ao sítio Brasil de Fato.
A ex-presidente assim se expressa: “a tortura é algo extremamente complexo. Eu acho que todo mundo que passou pela prisão sempre vai ter essa marca. Eu não gosto de ver filme, por exemplo, que passa tortura. Não é que eu não goste. Eu não vejo. É pior, né? Eu não quero ver. A tortura é algo que mexe com aquilo que é mais profundo e que constitui você”.
E em uma conclusão afirma: “tortura é dor e morte. Eles querem que você perca a dignidade”. A tortura sistemática como método de combate político contra as massas populares fora aplicada amplamente em todas as ditaduras que a burguesia internacional organizou e todo o mundo no século passado e neste, sendo o fascismo o ápice desta política. Mas é uma prática tão fundamental a dominação da burguesia que se incorporou, em grau distinto, ao próprio regime democrático burguês (basta ver o sistema penal brasileiro, por exemplo).
A tortura, prática tão antiga quanto a civilização, fora utilizada na história, via de regra, como meio de punição, era por meio do suplício que as classes dominantes puniam os rebeldes e por meio dela aterrorizavam os demais etc., contudo o capitalismo, longe de extirpar esta prática da civilização humana, aperfeiçoou-a e tornou-a uma arma para impor os interesses da burguesia imperialista ao restante da humanidade. desenvolveram-se métodos de tortura, tanto individual, quanto coletiva e difundiu-se em todo o planeta.
Seja nos terríveis bombardeios sistemáticos, seja num porão escuro, esse é o método que restou a burguesia imperialista e que devido a crise sistema capitalista apresentam-no, e mesmo quem o defenda, de maneira aberta.
Assim como destacou a companheira Rousseff, a tortura, método político fascista, é uma tentativa de aviltar as massas, de amedrontá-las, de calá-las para roubá-las. Assim como o resultado da tortura em um indivíduo pode ser o atordoamento, a quebra do orgulho, da disposição etc, também o pode em um país torturado.
Esse é o papel do fascismo, impor a um país aquilo que o torturador tenta impor a sua vítima, o governo Bolsonaro é nesse sentido bem representativo se bem não tenha evoluído ainda, por contradições internas, em um governo fascista. Assim o neoliberalismo, política de verdadeira terra arrasada contra os direitos e as condições de vida da esmagadora maioria da humanidade, necessita para se impor de um governo ditatorial de tipo fascista, ou como afirma a ex-presidente: “Aqui, para impor o neoliberalismo foi necessário um governo neofascista”.
Daí se compreender o entusiasmo verdadeiro de Bolsonaro e seus asseclas pela tortura. Toda a solidariedade a Dilma e a todas as vítimas do mais odioso crime.