Dos 646 homicídios registrados até a última terça-feira (11) no estado do Rio Grande do Norte, 574 vítimas eram negras – existem ainda 15 casos em que a cor foi ignorada nos documentos oficiais. Ou seja, cerca de 90% das pessoas assassinadas naquele estado na primeira metade de 2019 eram negras (pardas e pretas). Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesed).
Estes dados confirmam o crescente, no plano local e também nacional, grau de violência letal que assola esta população. Segundo o Atlas da violência 2019 publicado recentemente, em 2017 o estado referido totalizou 2.203 homicídios, dos quais 1.928 foram de pessoas negras, um índice de 87 a cada 100 mil habitantes, o maior índice do país. Neste mesmo ano o negro tinha 5,8 vezes mais possibilidades de ser assassinado no estado do que o “não-negro”, superando em mais de duas vezes a já absurda taxa nacional que foi de 2,7.
Considerando, o decênio 2007-2017, o Atlas 2019 mostrou que houve um crescimento de 333%, maior do país, na taxa de homicídio entre a população negra no Rio Grande do Norte, seguido pelo Acre, Ceará e Sergipe. Os estados com as maiores taxas de homicídios contra a população negra estão localizados nas regiões do nordeste e do norte do país, mas de maneira alguma trata-se de um fenômeno local.
No mesmo decênio, o país registrou um aumento 62% no número de homicídios de negros – de 30.523 registrados em 2007 para 49.524 em 2017. O índice por 100 mil habitantes também cresceu, de 32,4 em 2007 para 43,1 dez anos após.
Falta-nos ainda um estudo analítico que dê conta de explicar o aumento exponencial da violência letal nos estados das regiões referidas e sua suavização nos estado do sul e sudeste, temos como hipótese que o impacto da política neoliberal é sentido mais dramaticamente nestas regiões, o que tem como consequência o esmagamento da população mais vulnerável. Todavia, estes dados revelam o grau de opressão e marginalização a que o negro está submetido no plano nacional.
Revelam muita claramente que a população negra, maioria nacional, encontra-se em uma situação de sub-cidadania, oprimidos, perseguidos e marginalizados pelo estado nacional.