O ensino superior no Brasil, que deveria ter um caráter completamente gratuito, vem prejudicando a vida de milhares de estudantes com dívidas no FIES. Somente no Distrito Federal, a dívida dos estudantes fica em mais de 400 milhões de reais, contabilizando 16.968 contratos, com pelo menos 90 dias de atraso, ou seja, os estudantes além de terem essas dívidas com as empresas de educação, ainda ficarão com o nome sujo.
O preocupante não são as dívidas, mas sim como isso prejudica a vida de trabalhadores de todas as idades que procuram o ensino superior em instituições de ensino privadas e acabam por se endividar com empresas que lucram com mensalidades abusivas, infraestruturas precárias e disciplinas ministradas à distância. Ou seja, o aluno se endivida com algo que nem vale a pena pagar. Essa é a realidade dos filhos da classe trabalhadora, que muitas vezes têm suas perspectivas frustradas ao tentar ingressar numa universidade pública e não conseguem, pois o ensino básico, frequentemente feito em escolas públicas, não foi aplicado pelo Estado do jeito que deveria.
Alguns dados obtidos da agência Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação, mostram que pedagogia é o curso com o maior número de estudantes endividados com o pagamento da faculdade no DF, com cerca de 1.908 estudantes devendo até R$ 33.126.605,05 ao governo, que por sua vez, deveria garantir o ensino superior gratuito a todos. O curso de direito fica em segundo lugar, tendo 1.765 alunos devendo R$ 60.918.574,92. Ou seja, dezenas de estudantes que poderiam tranquilamente estar numa universidade pública, sem ter que se enrolar em dívidas, graças ao Estado burguês e ao modelo econômico exploratório que é o capitalismo, precisam se desdobrar para pagar dívidas absurdas.
Num cenário como o atual, em que o desemprego já atinge cerca de 12% da população, é evidente que mais pessoas irão se endividar com diversas coisas, mas as dívidas com a educação, com financiamento estudantil, são o maior absurdo. A luta da classe trabalhadora como um todo, deve se dar pelo fim do vestibular nas universidades públicas, para que não só os filhos da burguesia, mas os filhos da classe trabalhadora também tenham acesso pleno à educação de qualidade.