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O que se diz x o que se faz

No Congresso, a esquerda apoia bolsonaristas “contra Bolsonaro”

Bancada direitista do Partido dos Trabalhadores no Senado, decide marchar com candidato golpista apoiado pelo presidente ilegítimo

Depois da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, decidir por uma diferença de apenas quatro votos, apoiar o candidato a presidência da câmara, deputado Baleia Rossi (MDB), que não é apoiado por Bolsonaro, mas que votou 90% das vezes com Bolsonaro (mais do que o próprio candidato bolsonarista), nesta semana foi a vez da bancada no senado federal – um setor ainda mais reacionário do Partido – anunciar sua posição diante da disputa em torno do comando da “câmara alta”.

Senadores do PT

Mencionando “compromisso pela integridade e independência do Senado Federal”, a bancada do PT no Senado anunciou, no último dia 11 de janeiro, que sua bancada apoiará Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na eleição para a presidência do Senado.

A candidatura de Pacheco foi lançada pelo atual presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) – a exemplo do candidato na Câmara, escolhido pelo seu atual presidente Rodrigo Maia (DEM). No entanto, a decisão do PT vinha sendo costurada há tempos (por senadores como Humberto Costa – PT/PE -, que já em 2017 defendeu a necessidade de “virar a página do golpe”, nas páginas amarelas da ultra reacionária Revista Veja, e por Jaques Wagner – PT/BA – líder da campanha direitista em favor da aposentadoria política de Lula, tão à gosto da direita.   A campanha vem embalada, desde o dia 8 de janeiro, por outro apoio de peso ao candidato reacionário, que tornou ainda mais polêmica a decisão  – aprovada “por unanimidade” entre os senadores petistas-: do presidente Jair Bolsonaro.

Com Bolsonaro, pelo impeachment de Bolsonaro

O apoio ao candidato de Bolsonaro à presidência do Senado representa a mais insólita tática da esquerda para supostamente “derrotar o bolsonarismo”. Como Baleia, Pacheco também votou pelo impeachment de Dilma Rousseff – em 2016, quando era deputado federal – e é reconhecido pelos próprios dirigentes do PT como um típico liberal, defensor das privatizações, das “reformas” contra os trabalhadores, do tetos de gastos e tudo mais que se possa imaginar contra os trabalhadores e a favor dos banqueiros e demais tubarões capitalistas

A exemplo do ocorrido no episódio da Câmara,  o partido lançou uma nota tentando justificar sua política. Naturalmente, o resultado foi uma obra no mínimo curiosa, afinal, como levar a sério uma publicação que fala em “compromissos” com o candidato abertamente bolsonarista ao mesmo tempo em que afirma que “continuará lutando pelo impeachment de Jair Bolsonaro”?

Líder do PT no Senado explica apoio a candidato de Bolsonaro
O lider do PT e o candidato de Bolsonaro

A nota, assinada pelo líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE) [foto, à esquerda] e pelo vice-líder do PT, Jaques Wagner (PT-BA), elenca ainda oito pontos de compromisso, em grande medida generalidades de caráter demagógico.

“Menos pior”,  piorado

Em entrevista ao Estadão, o senador pelo Sergipe procurou justificar a tática buscando outro argumento insólito: a falta de candidatura da oposição.

“Não temos condição de escolher um candidato de oposição ao Bolsonaro porque não tem”

O entrevistador não se interessou em aprofundar esse argumento, mas a dúvida aparece quase naturalmente: se o problema é a falta de candidato, por que o PT não o lança? Ou estariam os senadores petistas aguardando algum evento de ordem metafísica ocorrer no Senado, a fazer brotar do barro de Brasília uma candidatura que não fosse lavajatista e nem bolsonarista?

A entrevista ao Estadão é curta, porém recheada de declarações estranhas, elogios insólitos, mas acima de tudo, revelam os limites do malabarismo retórico, dada a dificuldade encontrada por Rogério Carvalho em explicar o que só pode ser explicado pelo oportunismo escancarado.

O “mal menor” é o mal maior

A situação do PT e de toda a esquerda parlamentar torna ainda mais evidente  o real conteúdo da política do voto útil contra o “mal menor”, em uma situação semelhante à das eleições municipais. Na Câmara, o “mal maior” é o candidato apoiado por Bolsonaro e o “mal menor” é o candidato do bloco de 11 partidos, liderados pela ala que comandou o golpe de Estado, os “pais” de Bolsonaro e integrado até pelo partido que elegeu o capitão fascista, o PSL. No Senado, o “mal maior” é a candidata do MDB (partido no qual que eles pretendem votar na Câmara) e o “mal menor” é o candidato do Bolsonaro.

Não chega a ser uma novidade. Nas eleições municipais, o “mal maior” era, primeiro, o deputado Russomano (Republicanos) e, depois, o PSDB em São Paulo, quando se tratou de apoiar o candidato “da esquerda” escolhido pela direita, Guilherme Boulos (PSOL). Já no Rio de Janeiro, o DEM era o “mal menor” contra o bolsonarista do Republicanos. Por sua vez, mas no Maranhão o bolsonarista dos Republicanos foi apoiado pelo PCdoB contra o bolsonarista do Podemos, que seria o “mal menor”. E por aí, foi.

Uma política sem sentido lógico, a não ser no que diz respeito a evidenciar que aqueles que seguem essa política, mesmo se dizendo de esquerda, “socialistas” e até “comunistas” ou “revolucionários”, são políticos ultra oportunistas que lutam pela conquista de cargos e pequenas vantagens, sem ideologia ou critério, apoiando qualquer bandido, abandonando por completo a defesa de princípios e dos interesses dos trabalhadores que dizem representar.

Em carta ao povo para as celebrações de final de ano, o ex-presidente Lula lembra qual o palco em que as lutas populares podem, de fato, produzir avanços para a classe trabalhadora: nas ruas.

O cretinismo parlamentar adotado na Câmara e acentuado no Senado, demonstra de maneira muito evidente que tais espaços não são outra coisa além do abatedouro das lutas que interessam ao povo.

Vale o que se faz, não o que se diz“, afirmou Rogério Carvalho ao Estadão, talvez a única coisa sensata dita pelo senador. Independente do que está dizendo, o que os parlamentares do PT – especialmente os senadores, todos!- estão fazendo é submeter-se à direita e enfraquecer a luta contra o golpe, prestando um enorme auxílio aos golpistas pela confusão que estão colaborando para ampliar.

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