No final da última semana, Marcelo Freixo (Psol) anunciou a desistência de disputar a prefeitura do Rio de Janeiro este ano. O psolista era tido como um dos favoritos na disputa, tendo chegado ao segundo turno nas eleições de 2016, inclusive com apoio de setores da burguesia, como a Rede Globo e a revista Veja.
O que teria feito, então, Freixo desistir da candidatura? Em primeiro lugar, é preciso ter claro que a decisão parte de um candidato com chances de ganhar e de um partido cuja principal preocupação são as eleições.
Marcelo Freixo explicou, ao melhor estilo de político burguês, que o motivo é um chamado à “maturidade da esquerda”. Segundo ele, a desistência é uma busca por uma “unidade” para derrotar o bolsonarismo. Ou seja, maturidade para Freixo é uma frente ampla e sua candidatura seria um obstáculo para ela.
Mas a grande questão que fica é a seguinte: se, do ponto de vista eleitoral e até do apoio de setores importantes da burguesia, Freixo seria, claramente, a candidatura mais adequada para essa unidade, pelo menos que fosse uma candidatura de unidade de esquerda.
Mas eis um dos pontos importantes da questão. Freixo abdica da candidatura não por uma frente de esquerda, mas efetivamente por uma frente ampla, com partidos da direita. Para essa frente ser bem-sucedida, será necessária uma candidatura que consiga agrupar setores mais amplos da burguesia que não apoiariam um candidato do PSOL.
Na prática, o que Freixo está fazendo é apoiar a candidatura da direita golpista representante do “centrão”, Eduardo Paes, do DEM, o qual, seria capaz de unificar a direita contra os bolsonaristas.
O elogio público feito por Luciano Huck a Freixo nas redes sociais revela o motivo real da decisão. A decisão de Marcelo Freixo serve como um gesto no sentido da unidade com a direita.