Os regimes políticos da burguesia estão em franca desagregação em toda a Europa. Em diversos países os principais partidos do regime estão desmoronando. Na Alemanha, esse processo ainda está relativamente contido, mas expressões do esgotamento do regime atual começam a transbordar para a superfície. No dia 2 de junho, um político conservador do Partido Democrata-Cristão da Alemanha (CDU), Walter Lübcke, foi assassinado. Na última quarta-feira (26), um neonazista, Stephan Ernst, de 45 anos, confessou a autoria do crime, alegando ter atuado sozinho.
Lübcke, que era presidente do conselho regional de Kassel, no Estado de Hessen, defendia com ênfase, em público, a decisão do governo de Angela Merkel de receber refugiados na Alemanha. Essa medida é contestada com fúria pelos partidos de extrema-direita. Por conta dessa defesa, Stephan Ernst o assassinou usando uma pistola 9mm, dando um tiro na cabeça. Durante seu depoimento ele apontou o esconderijo de seu armamento. Além da pistola, Ernst tinha em seu esconderijo duas metralhadoras Uzi.
Ernst já tinha um histórico de atuação em grupos de extrema-direita. Segundo a revista Der Spiegel, em 2009 ele foi preso junto com outros 400 militantes depois de atacar uma manifestação da Federação dos Sindicatos Alemães (DBG). Agora chegou ao ponto do assassinato político, expressando uma tendência ao crescimento da extrema-direita diante do desmoronamento do regime político sobre as bases atuais.
Embora na Alemanha a extrema-direita ainda não tenha crescido como na Itália ou na França, a Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita, já tem uma ampla participação no Parlamento, nos parlamentos regionais e também no Parlamento Europeu, com um crescimento vertiginoso para um partido fundado apenas em 2013.