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Fragilidade do Capitalismo

Nem o faturamento de alguns grandes capitalistas escapa da crise

Crise atinge capitalistas, mas quem paga o pato é o trabalhador.

A crise econômica adquiriu um perfil aparentemente novo por conta da pandemia do novo coronavírus visto que desde o seu início em Wuhan, na província chinesa de Hubei, houve a necessidade de paralisar todas as atividades produtivas. As fábricas fecharam e a produção da região que representa 4,6% do PIB da China ficou totalmente paralisada por quase dois meses.

Mas a rápida reação chinesa surtiu efeito sobre a pandemia. Centenas de milhares mortes foram evitadas naquele país e um padrão foi criado para todo o mundo. Em Hubei morreram 3.212 pessoas, enquanto no resto das outras 30 províncias, menos de 1.500 pessoas foram a óbito. Esses são os efeitos quantificados. Os efeitos econômicos ainda demorarão para se confirmarem, especialmente porque a economia chinesa vai se recuperar em conformidade com o que ocorrer no resto da economia mundial. Afinal, a economia capitalista, ao se transformar em global, cria uma interdependência tanto na forma de produção, com empresas produzindo partes dos produtos em vários países, quanto na forma de comercialização, com a importação de matérias primas e componentes e a exportação de produtos acabados ou mesmo outros componentes, tudo feito em muitos países ao mesmo tempo. Parecendo uma grande montadora de veículos, que depende de componentes e peças de outras indústrias.

Os efeitos da pandemia sobre a economia mundial, dessa forma, dependerá do comportamento das economias nacionais e regionais. Por isso é muito difícil se prever o custo total da crise e o tempo de sua recuperação, caso ocorra. Mesmo assim, os organismos internacionais que sempre deram sustentação e voz aos capitalistas, como o Fundo Monetário Internacional, já falam em forte depressão, como informou sua diretora-gerente Kristalina Georgieva: “tenho dito já há algum tempo que esta é uma crise como nenhuma outra”. O FMI já tem pedidos de auxílio de financiamento emergencial de 103 países e já aprovou o alívio no pagamento de dívidas de 29 países. (Valor, 20/4/2020)

Um setor que está afundando com a crise capitalista é a indústria automobilística. Com peças fabricadas em vários países e por várias empresas, as montadoras de veículos criaram uma logística mundial e local que depende em muito da capacidade de cada empresa em operar dentro de limites muito restritos. Se uma parte falha, todo o processo é comprometido.

No Brasil, desde o final de março 90 mil trabalhadores começaram a paralisar seus trabalhos na indústria automobilística nacional (Valor, 23/3/20), com a possibilidade de algumas empresas retomarem no final de abril, como prevê a Volkswagen, caso assim as condições permitam. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informa que houve redução de quase 90% das atividades do setor ao comparar a primeira quinzena do mês com a segunda (Veja, 16/4/20). A paralisação em alguns setores está sendo feito por meio de férias antecipadas, em outros com acordos forçados de redução de salários, em outros com demissões. Na produção, os operários é que têm pago o maior preço. Os representantes dos capitalistas reclamam, mas quem está carregando o prejuízo das empresas são os trabalhadores.

A competição entre as grandes empresas é aparentemente grande apesar de que muitas das marcas na verdade fazem parte da mesma empresa. Essa competição ocorre na comercialização. Etapa do processo que mais tem demonstrado os efeitos da crise. Segundo Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul, jamais se viu “uma queda como essa no setor automotivo, não só aqui como no mundo todo. Estamos vivendo uma questão aguda, o faturamento desapareceu” (Exame, 20/4/2020). Com as medidas de isolamento, que geraram a paralisação das atividades e de circulação de pessoas, no mês passado as vendas foram as menores nos últimos 14 anos. Isso está forçando as montadoras e mudarem suas estratégias de venda e a jogarem mais peso no ano que vem. O empresário acredita que o Brasil levará muito tempo para sair da crise.

A fortaleza do capitalismo mundial, produzindo uma mesma mercadoria em dezenas de países ao mesmo tempo, também mostra sua fragilidade, quando uma crise se alastra e atinge vários momento da produção. Ainda mais quando ela se amplia e também atinge o comércio dessas mercadorias. A crise atual vai durar muito mais do que se imagina, afirmam cada vez mais economistas burgueses e capitalistas pelo mundo afora.

Em alguns países, os governos têm procurado criar mecanismos de garantia de emprego e salários, como meio de preservar os mercados consumidores e suas empresas. Mas na maioria dos países, os trabalhadores é que estão arcando com os maiores custos. Quer via o desemprego que aumenta, quer por meio de “negociações” forçadas que reduzem salários e direitos. As empresas, como é o caso das montadoras no Brasil, choram mais alto e conseguem regalias dos governos, mais crédito, mais tempo para amortizar suas dívidas e mesmo subsídios de todas as formas. Para que isso se dê, mesmo que minimamente, também aos trabalhadores, muita luta é necessária, o que exige sindicatos ativos e combativos, mobilizações e organização.

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