A demagogia contra o racismo está muito presente nos campeonatos europeus. As iniciativas oficiais aparecem para fazer frente ao grande número de casos explícitos de racismo nos jogos, porém não passam de medidas “para inglês ver”.
Contra Neymar vale tudo, até racismo. Através de leitura labial ficou claro que o zagueiro espanhol Álvaro González chamou o craque brasileiro de “mono hijo de p…” (em português, “macaco filho da p…). Para piorar o caso, o espanhol é simpatizante do partido de extrema-direita espanhol Vox, criado por setores franquistas saídos do Partido Popular em 2013.
Após a grande repercussão da agressão verbal de caráter racista, ocorreram tentativas de equiparar as ofensas proferidas pelo zagueiro a supostas ofensas homofóbicas que Neymar teria proferido em respostas. O que a falsa polêmica propositalmente ignora é que, enquanto Neymar é negro, o jogador espanhol não é gay.
Em seguida, a imprensa francesa tentou apresentar outra manipulação, na qual Neymar teria chamado o jogador japonês Sakai de “chino (chinês) de mierda”. Ao contrário da ofensa sofrida por Neymar, que fica bastante clara a partir da leitura labial, não é possível distinguir a suposta agressão racista de Neymar.
Em plena sintonia com a política do imperialismo, alguns identitários inclusive se recusaram a defender o jogador brasileiro, mais uma vítima de racismo no “civilizado” e “profissionalíssimo” futebol europeu. Lançando mão de justificativas bisonhas como “Neymar não se considerava negro na juventude”, “Neymar é rico” ou “ele também xingou”, ajudaram a passar um pano para um racista simpatizante do fascismo.
A manipulação da situação já ficou evidente quando a comissão disciplinar da Liga de Futebol da França (LFP) colocou no mesmo balaio agressor e agredido. Neymar já havia sido punido por um cascudo dado no zagueiro, pegando dois jogos de suspensão, e foi julgado por supostas ofensas homofóbicas e xenofóbicas (sendo ele mesmo um estrangeiro na França).
A conclusão da comissão de que não havia provas suficientes foi uma clara manobra para botar panos quentes na denúncia de racismo, que é um problema muito em evidência atualmente em vários países, incluindo a própria França, um país fundamental no sistema capitalista.
É como conhecemos muito bem aqui no Brasil, quando alguém vai prestar queixa de violência policial e acaba acusado de desacato à autoridade. O delegado propõe um acordo e ambas as queixas são retiradas. Assim, a violência policial é perpetuada pelas instituições.