Desorientada e sem conseguir formular uma política que aponte para um programa e uma estratégia própria de luta para enfrentar a ofensiva da extrema direita e dos golpistas, a esquerda parlamentar institucional brasileira afunda cada vez mais no caminho fracassado das alianças ocasionais e sem princípios com setores da burguesia, os mesmos que arquitetaram o golpe de Estado 2016 e que criaram as condições para a eleição (fraudulenta) do governo de extrema direita encabeçado por Bolsonaro e os generais golpistas.
O repúdio social generalizado ao governo e a impopularidade cada vez maior do presidente Bolsonaro e do regime burguês-golpista, coloca em evidência para a toda a sociedade, mas em particular para os trabalhadores e as massas empobrecidas do campo e da cidade, que sofrem na pele os ataques cada vez mais selvagens da burguesia e do imperialismo, a enorme fraude que representou a eleição do ex-capitão do Exército, apoiado por todas as mais retrógradas e obscuras forças políticas e sociais do País.
Acuado e sem qualquer alternativa para enfrentar a bancarrota em que se encontra o governo, Bolsonaro e os generais recorrem às ameaças de golpe e ditadura, atacando as não menos golpistas instituições do regime, o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal, responsáveis por todas as maiores ilegalidades cometidas contra a ordem institucional e o arcabouço jurídico-constitucional do País no último período.
Liderados pelo General de “pijama” Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto, os golpistas tentam mobilizar uma parcela da extrema direita bolsonarista, conclamando a participarem de um ato nacional no dia 15 de março, onde a reivindicação central é o fechamento do Congresso Nacional. A este chamado de natureza eminentemente golpista, o mais sensato, oportuno e politicamente eficaz seria uma resposta contundente da esquerda nacional no sentido de se opor de forma veemente aos intentos golpistas. Trata-se de mais uma oportunidade (junto a tantas outras que já se colocaram) oferecida por Bolsonaro e os golpistas para o “tiro de misericórdia” definitivo no governo.
Para isso, no entanto, a esquerda deveria abandonar as infantis e estúpidas ilusões que vem alimentando na inútil e fracassada política de resistência contra o governo direitista e reacionário de Bolsonaro e dos generais. Mas o que faz a esquerda? Qual a política que vem sendo adotada para enfrentar o governo de extrema direita? No momento em que o governo se vê acuado e dá inequívocas demonstrações de paralisia e fragilidade, no momento em que todas as maiores e mais favoráveis condições se colocam para um amplo movimento de luta para colocar para fora o governo dos banqueiros, da burguesia e do imperialismo, a míope esquerda do País se engata ao trenzinho da “Frente Ampla”, buscando abrigo no “puxadinho dos democratas” da mais baixa estirpe, ao estilo de FHC, Ciro Gomes e João”Bolso”Dória, dentre outros.
A recusa em dirigir um chamado aos explorados e ao povo trabalhador do País para um amplo movimento nacional de mobilização em torno à consigna do “Fora Bolsonaro”, é reveladora do caráter absolutamente centrista, pequeno-burguês e reformista da esquerda nacional, incapaz de compreender o momento político e formular uma estratégia independente, classista, vale dizer, revolucionária, para o movimento de luta das massas populares. O ato convocado pela direita, pelos generais e por Bolsonaro deve ser respondido pela esquerda e pelos movimentos de luta das massas, não em aliança com os articuladores do golpe contra o governo eleito em 2014; não dividindo o palanque com os algozes dos trabalhadores, os mesmos que se declaram contrários aos “excessos e aos arroubos autoritários” do presidente fascista, mas apoiam o programa econômico de destruição do País do Ministro Paulo Guedes, da burguesia e do imperialismo.
É preciso ficar claro que somente é possível impor uma derrota cabal e definitiva aos golpistas e à extrema direita derrotando o governo Bolsonaro, os generais e o regime de fome e miséria do grande capital e do imperialismo. A bandeira que deve ser erguida nos atos da esquerda e das masa populares contra as intenções golpistas é o “Fora Bolsonaro”; Fora todos os golpistas.