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Fora Bolsonaro

“Não serão milhões”: uma declaração de intenções para a burguesia

Polemizamos com as últimas declarações do dirigente do PSOL e do MTST Guilherme Boulos

Na última semana, Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), afirmou que a campanha pelo Fora Bolsonaro “não serão milhões” — isto é, não será uma campanha de massas, com milhões de pessoas nas ruas. Diante dessa declaração aberrante, questionamos: quais os fatos que levaram Boulos a tal conclusão? E mais: qual efeito que tal declaração, vindo da boca de uma figura que tenta se apresentar como liderança da esquerda, tem no movimento de conjunto?

Sobre os fatos, nem Boulos, nem mesmo a burguesia conseguem apresentar qualquer evidência de que o movimento pelo Fora Bolsonaro não será um movimento de massas. A verdade é que tudo indica o contrário: os atos contra o presidente ilegítimo têm crescido ao longo das últimas semanas e acontecido em todas as regiões do País, o povo tem se manifestado mesmo em meio à pandemia de coronavírus sem o apoio do aparato das principais organizações da esquerda, a crise política e, com ela, a crise social continuam se aprofundando etc. Não é próprio deste Diário fazer previsões ou especulações sobre acontecimentos futuros, mas podemos afirmar com toda a  segurança que não há motivos para que seja feito um prognóstico tão negativo para o movimento, menos ainda por parte de uma figura da esquerda.

O que levaria Boulos, portanto, a subestimar o potencial do movimento? Ora, as explicações para isso estão na própria situação política. Guilherme Boulos nunca foi um autêntico defensor das manifestações de rua: desde o início da pandemia, o dirigente psolista tem defendido que a esquerda fique em casa e que sejam feitas manifestações virtuais. Essa posição, por sua vez, estava justificada pelo fato de que Boulos, junto com outros setores da ala direita da esquerda nacional, vinham propondo a formação de uma “frente ampla” entre a esquerda e a direita e extrema-direita. Se Boulos defendia que a esquerda se aliasse com Rodrigo Maia (DEM) ou qualquer outro golpista, não poderia defender, ao mesmo tempo, que o povo pobre e trabalhador saísse às ruas para enfrentar os fascistas, pois tais interesses são incompatíveis.

Agora, contudo, a política da “frente ampla” se encontra em um impasse grande. Obviamente, a “frente” não foi inviabilizada para sempre, mas o processo de aproximação da esquerda com a direita encontrou uma barreira significativa: o maior líder popular do País, o ex-presidente Lula, por um lado, se negou a formar uma aliança com a direita, e a direita, por sua vez, se negou a pedir a derrubada de Jair Bolsonaro.

O impasse é um avanço extraordinário para a luta dos trabalhadores, visto que a “frente ampla” é o cemitério da mobilização popular. Sem os vigaristas da direita será muito mais fácil transformar a campanha do Fora Bolsonaro em uma campanha de massas. No entanto, como se viu derrotado, Boulos está enxergando a campanha com os binóculos invertidos fornecidos pela burguesia: sem o apoio da direita, o Fora Bolsonaro será minoritário… Tanto é assim que a mesma impressão manifestada por Boulos foi vista na imprensa burguesa em geral.

O entendimento das razões que levaram Boulos a analisar a realidade sob essa perspectiva pessimista fornecem, em grande medida, a resposta para a segunda pergunta que elaboramos no início do artigo. Ir a público neste momento, em que a polarização política está bastante intensa, para dizer que as manifestações “não serão milhões” é o mesmo que jogar um balde de água fria no movimento. A declaração denuncia, portanto, o papel desmobilizador e capitulador que Boulos está disposto a cumprir no movimento.

Ao invés de procurar aproveitar a imensa crise em que o regime político se encontra, ao invés de se valer da disposição dos trabalhadores de saírem às ruas e da liquidação temporária da “frente ampla” para chamar o povo às ruas, Boulos prefere acalmar os ânimos. Não se trata, portanto, de um prognóstico sobre o futuro do movimento. Trata-se, assim, de uma declaração de intenções: “não serão milhões no que depender de Boulos, pois, no que depender dele, só ‘serão milhões’ se a burguesia assim permitir”.

É preciso denunciar firmemente o caráter reacionário da política que Boulos está propondo para o movimento e abandonar qualquer perspectiva de enterrar a mobilização popular em favor das instituições burguesas. É preciso intensificar a mobilização e transformar o movimento do Fora Bolsonaro em um movimento de massas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

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