Perseguição política sem limites para todos que incomodarem os golpistas
A perseguição política, a conspiração, a armação de bastidores é sempre apresentada pela direita como sendo uma fantasia, coisa de cinema. Nos últimos dois anos, após o golpe que derrubou Dilma Rousseff por meio de um impeachment fraudulento seguiu-se a uma onda sem precedentes de perseguição em larga escala ao PT e seus dirigentes. Lula sendo principal alvo por meio de uma condenação e prisão sem provas.
Mas a perseguição política não é exclusividade do PT. Nos últimos anos, jornalistas, blogueiros e outros que se levantaram contra a ditadura que se instaurou depois do golpe também foram e estão sendo perseguidos politicamente. Um exemplo é o companheiro Rui Costa Pimenta que sofreu dois processos de deputados da direita por ter convocado em maio do ano passado a militância a proteger Lula quando este foi convocado para um depoimento em Curitiba na presença do juizeco, “Mussolini de Maringá”, Sérgio Moro.
Agora, o mais novo perseguido político, é o cineasta pernambucano, Kleber Mendonça Filho.
O Ministério da Cultura (MinC), na figura de seu presidente golpista, Sérgio de Sá Leitão, está multando a produtora do cineasta em R$ 2,2 milhões por seu filme “O Som ao Redor”, filme de 2013. Kleber está sendo investigado por uma denúncia de 2017 feita ao Ministério Público do Rio de Janeiro de que teria captado valor a mais do que o registrado por um edital de 2009. Ao todo Kleber teria captado R$ 1,7 milhões, R$ 400 mil acima do edital. Mas o filme tinha outro edital que permitia a captação excedente.
Diante do fato, o cineasta, acertadamente, veio a público denunciar o ocorrido. É óbvio que não se trata de uma investigação do MinC para coibir nenhum tipo de uso indevido de verbas públicas.
Kleber Mendonça está sendo perseguido pura e simplesmente porque em maio de 2016, dias após o afastamento de Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados e parte da equipe do seu último filme, “Aquarius”, protestaram no tapete vermelho do Festival Internacional de Cannes, na França. Na ocasião, “Aquarius” estava concorrendo aos prêmios principais do festival.
O protesto, até mesmo modesto, com cartazes em várias línguas dizendo que havia no Brasil um golpe de estado. Como a repercussão foi imensa o governo golpista de Michel Temer, por meio do MinC, iniciou uma perseguição ao filme e ao cineasta.
Primeiro diretor e cineasta foram acusados de usar dinheiro público para protestar em Cannes, depois o filme recebeu classificação indicativa de 18 anos para restringir o acesso ao público, sendo tal classificação retirada após protestos. E por fim, o filme que estava cotado para concorrer a uma vaga ao Oscar de 2017, não foi selecionado pelo governo. E por fim ele ainda foi acusado de exercer dupla função em cargo público.
Agora a perseguição continua, mas retroativa. O fato concreto é que não pode criticar o governo golpista, não pode protestar, não pode contestar. Tem que obedecer e aceitar o mar de arbitrariedades do golpe. Aceitar de cabeça baixa, ser um verdadeiro serviçal.
Kleber não é petista para ser perseguido, não precisa, abriu a boca, protestou? Será perseguido.
Todo apoio a todos que não se curvam diante do golpe!