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Opressões

Não há via “identitária” para libertação do negro

A luta de libertação do negro é parte fundamental da luta de classe pelo fim do capitalismo e da opressão

Adolph Leonard Reed Jr, um intelectual negro e socialista, professor Emérito de ciência política na Universidade da Pensilvânia nos Estado Unidos, além ativista do movimento negro a mais de 50 anos, foi censurado pela esquerda identitária norte-americana por sua posição política. O mote para o “cancelamento” foi sua defesa da luta de classes como elemento central para a elaboração da política da esquerda diante da extrema-direita e da crise sanitária provocada pelo coronavírus.

Reed foi convidado para palestrar para os Socialistas Democráticos da América (DSA) partido de orientação social-democrata nos EUA, que apoiou candidatos do Partido Democrata, como Barack Obama e Bernie Sanders), porém o posicionamento político do professor de 73 anos, que denunciou a política neoliberal, vazia e repressiva de Obama, enquanto presidente dos EUA apoiado pelo DSA, não agradou nem um pouco os membros identitários da maior seção do DSA, para qual o professor falaria, que o acusaram de minimizar o racismo, o mal estar estabelecido provocou ao cancelamento da palestra, que seria realizada pela internet.

A acusação falsa se deveu ao fato de Reed defender que o enfoque excessivo da esquerda em tratar o problema da pandemia apenas em termos identitários, no impacto na população negra, minava a possibilidade elaboração de uma política que agrupasse as massas oprimidas do país, negros, brancos, latinos etc., contra a extrema-direita. Os identitários entenderam, não podendo utilizar o “lugar de fala” para calá-lo, que se tratava de uma minimização do racismo e consideraram que deixá-lo falar seria “reacionário e reducionista”.

O fato mostra claramente o profundo reacionarismo, não do debate que Reed propunha, que está correto no fundamental, mas do identitarismo como ideologia. Essa ideologia confusa – porque alicerçada nos interesses da pequena-burguesia, que é uma classe social contraditória: são beneficiados pelo capitalismo e por isso tendem sempre a conciliação, ao mesmo tempo são ameaçados de proletarização pelo mesmo capitalismo, por isso há também uma tendência a rebelar-se contra ele – realiza efetivamente o contrário daquilo que dizem, ao invés de levar a luta dos oprimidos adiante, entravam-a, paralisam-a, destroem-na.

Quanto mais realizam e servem de instrumento para uma política reacionária, pró-imperialista, capituladora e repressiva, como a aprovação de leis repressivas, de censura a intelectuais e artistas,  contribuindo para o silenciamento geral, mais se aferram a uma dogmatismo doutrinário; ideológico extremo, caracterizando todos os que os denunciam, que expõem sua política como racismo, machismo, LGBTfobia etc., etc,.

Não são os direitos dos oprimidos que os identitários defendem, mas seus próprios interesses e aspirações de classe, via de regra a pequena-burguesia, encobrem essa verdade, às vezes deles mesmos, com uma ideologia feita sob medida, aparentemente de esquerda e radical, mas que se contrapõem a doutrina revolucionária e a mobilização, pretendem também, devido sua fraqueza social, arrastar uma parte das massas oprimidas para sua política, utilizando-a como se fossem uma escada para alcançar seus próprios interesses, muitas vezes pessoais, ser político, ter um público etc.

Esse é o sentido de tentar calar todas as vozes dissonantes, esconder das massas a política conservadora que seguem, a despeito do aparente radicalismo de suas doutrinas identitárias.

A questão colocada por Reed é absolutamente pertinente, colocar como elemento central da análise política e da estratégia dos oprimidos a luta de classes entre proletariado e a burguesia como sendo a contradição fundamental da sociedade capitalista não é desconsiderar ou minimizar a opressão racial e o racismo, pois é apenas o reconhecimento de uma verdade indubitável, mas coloca uma questão extremamente importante: todo racismo, fenômeno ideológico, está fundado na opressão racial e a opressão racial na exploração extrema, os inimigos da classe operária mundial, o imperialismo e a burguesia em geral, são os mesmo que mantêm o sistema de opressão e exploração extrema contra a população negra e que impulsionam o racismo como ideologia.

A libertação do negro passa, portanto pela derrubada da ordem capitalista que o elegeu como burro de carga dessa sociedade, para tal intento é necessário para negro, naturalmente, a unificação, com seu próprio programa, com a classe operária, sendo o negro parte substantiva dessa, e os oprimidos de cada país e do mundo inteiro contra esse monstro que é o sistema capitalista, nesse sentido, também a luta do negro contra a pressão racial é parte fundamental da luta de classes internacional.

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