Apoiados por aproximadamente 60% dos deputados na Câmara dos Deputados e 70% dos senadores no Senado Federal, ambos parlamentares apoiados pelo golpista e ilegítimo presidente Jair Bolsonaro venceram a eleição para a presidência das Casas.
Não houve grandes surpresas visto que ambos os candidatos já estavam cotados para saírem vitoriosos no processo eleitoral. O que ocorreu, na realidade, é que a burguesia apoiou o candidato bolsonarista enquanto que o candidato dito democrático ficou sendo apoiado apenas esquerda e a pseudo esquerda, como o PSB.
Esse é um retrato da tática política da frente ampla. Não existe aliança com a direita “democrática” justamente porque ela está aliada com Bolsonaro. Esta eleição provou exatamente isso.
O grande argumento para se formar esse apoio era a oposição ao governo Bolsonaro dentro do Congresso, de que seria necessário formar-se um bloco da direita dita democrática com a esquerda para barrar Bolsonaro. O que foi uma fraude completa.
Rodrigo Pacheco, senador pelo DEM de Minas Gerais, e que foi apoiado pelo PT antes mesmo da eleição deu diversas declarações de apoio ao governo e de que trabalharia para que CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) que atacassem Bolsonaro não tivessem andamento no Senado Federal.
Em entrevista, por exemplo, o senador disse que não vê nada que justifique a abertura de um impeachment no Congresso Nacional. Como se não fosse o suficiente o genocídio causado pelo governo durante a pandemia, o aprofundamento da miséria e do desemprego, entre outros motivos.
Essa situação toda demonstra que a luta contra o bolsonarismo no Congresso Nacional é uma farsa completa. Acontece, de fato, uma luta desenfreada por cargos e por interesses extremamente mesquinhos. Uma política muito rasteira por parte dos parlamentares de esquerda.
Ao final sobrou para a esquerda apenas a desmoralização de ter defendido o apoio a ambos candidatos da direita. Além disso, confundiu o panorama geral da situação frente as suas bases partidárias, seus filiados e militantes.
Defenderam uma política irracional e sem resultado que terminou na desmoralização total pois foi muito difícil explicar aos ativistas de esquerda que apoiar Baleia Rossi, que é do MDB e pupilo do golpista Michel Temer, que na realidade não é contra o bolsonarismo.
A direita dita democrática, que não é democrática, e a extrema-direita, apesar de suas contradições, se unem no interesse em comum e na defesa dos poderosos no Brasil.
Demonstrou-se que o Congresso é uma casa onde os deputados estão a venda, quem pagar maior valor, leva o voto. Foi evidente que Bolsonaro comprou uma parcela dos votos para o seu candidato vencer, uma vez que controla o caixa do governo federal.
A situação no entanto exige cautela para uma análise. O que aparentemente está havendo é uma simbiose. Rodrigo Maia (DEM-RJ), que hoje é apresentado como anti bolsonarista, tentou estabelecer um acordo com Bolsonaro e controla-lo. Bolsonaro, no entanto, desfez esse acordo e buscou estabelecer relações com outros.
A situação política brasileira está em franca deterioração e a mobilização popular será o impulso necessário para que o regime seja totalmente desestabilizado. Evidentemente a situação do País está num limiar de uma grande crise. Se a burguesia não controlar a situação poderá se abrir um período de lutas populares.