A ofensiva do governo Bolsonaro contra os assentamentos e o MST no Extremo Sul da Bahia para privatizar os assentamentos da reforma agrária e atacar as lideranças e o MST através do envio da Força Nacional criou um impasse dentro da direita que se expressou na decisão do STF.
No início de setembro houve a tentativa de expulsar famílias e o MST através do INCRA bolsonarista e do secretário de assuntos fundiários Luiz Antônio Nabhan Garcia com a utilização da Polícia Federal e a Polícia Militar e depois através do envio da Força Nacional de Segurança Pública aos assentamentos dos municípios de Prado e Mucuri, Bahia.
A Força Nacional de Segurança ficou no local por alguns dias causando terror e participando de ataques com os bolsonaristas realizando intimidações, retirada de bandeiras do MST e apagando desenhos em referência a reforma agrária e ao direito dos trabalhadores.
Essa situação causou um enorme impasse dentro da direita devido a organização dos trabalhadores sem-terra e um enorme repúdio a Força Nacional e a direita bolsonarista. As famílias se organizaram para expulsar a Polícia Militar e a Polícia Federal, e a presença da Força Nacional dos municípios estava impulsionando uma mobilização para expulsar os bolsonaristas e as forças de repressão.
Diante dessa situação, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin acatou no dia 17/09 o pedido do governador da Bahia, Rui Costa, para a retirada da Força Nacional (FN) dos municípios de Mucuri e Prado que depois foi votado por unanimidade pelos juízes do STF para saída dos fascistas da Força Nacional em 48 horas.
A decisão do STF deve ser comemorada, mas também entendida para não passar a imagem de um STF democrático e antibolsonarista, ou pior, em defesa dos trabalhadores.
O STF, em especial o ministro Edson Fachin, foi um dos principais pontos de apoio aos golpistas. Validaram o golpe em Dilma Roussef em 2016, a perseguição a Lula e ao PT, de proteção a Operação imperialista da Lava Jato e de Sérgio Moro, a prisão de Lula e a ascensão fraudulenta de Jair Bolsonaro a presidência da República.
O STF evitou de colocar em votação a anulação do impeachment em 2016 e a anulação da Operação Lava Jato. Ou seja, além de estar ao lado da direita golpista, está atuando e é responsável pela situação política atual do país.
A decisão de Fachin e do STF não é fruto de um STF democrático ou anti-Bolsonaro, como vimos no parágrafo acima, mas sim fruto da luta dos trabalhadores sem-terra diante da ofensiva da extrema direita no campo e na utilização da Força Nacional para isso.
A tentativa da extrema direita em atacar os assentamentos Rosa do Prado e Jaci Rocha, no Extremo Sul da Bahia, e a Força Nacional assustou as famílias sem-terra, mas não impediu os trabalhadores de se organizarem e lutar contra as forças de repressão, incluindo a Força Nacional.
A direita vendo a iminente situação de conflito e uma possível luta dos trabalhadores para expulsar a Força Nacional, como fizeram os indígenas Tupinambá de Olivença em 2016 quando foram atacados pela mesma polícia fascista, assustou a direita e abriu uma crise dentro da direita golpista, incluindo o STF.
Isso ficou bem claro e mostrou o acerto de dias antes da chegada da Força Nacional à Bahia de enfrentar e expulsar a PM e a PF deixando a direita assustada, que desde a subida de Jair Bolsonaro a presidência, se acostumou a fazer ataques sem haver nenhuma resistência.
Foi essa decisão de lutar e enfrentar com a base a direita e as forças de repressão que forçou a direita através do STF a retirar da Bahia a Força Nacional de Segurança. Tem que ficar claro que não foi o governador da Bahia, Rui Costa, e muito menos o STF que tomou a frente para a retirada dos fascistas da Força Nacional e sim a organização e luta contra a direita dos trabalhadores sem-terra e sua organização, o MST, que mostrou disposição para lutar contra a direita e de não fazer acordos.
É preciso fortalecer essas ações de luta contra a direita, incluindo as forças policiais, que sempre atuam contra os trabalhadores.