Diante do aprofundamento do golpe, se torna fundamental a organização da classe trabalhadora para, através da mobilização popular, nas ruas, a exemplo das paralisações, barrar os golpistas. Nesse sentido as greves necessariamente deverão ser de ordem política, de forma a colocar em xeque o regime ditatorial a qual o país está submetido.
Nesta última semana, a greve dos caminhoneiros foi um claro demonstrativo da importância da mobilização popular. Acerca dessa, diversas confusões surgiram, sendo a imprensa burguesa quem mais impulsionou dúvidas, na população, em geral, sobre apoia-lá ou não. A direita ela perdeu muito apoio desse setor, visto, por exemplo, que, na medida que alguns grevistas cedendo a pressão imposta pelo governo, imprensa, etc., liberaram vias, o Exército foi, inclusive, com tanques paras ruas, numa tentativa de encerrar as paralisações. Apesar da “calma” dos golpistas na repressão a greve dos caminhoneiros, para não perderem totalmente o apoio deles, os trabalhadores foram fortemente atacados.
É notório que os petroleiros, que decretaram greve neste último dia 30 de maio, perderam o auge da greve dos caminhoneiros para suspender as atividades da categoria. Mais do que esperado, o judiciário, que é o responsável por colocar em prática a ditadura do governo, a decretou ilegal ainda antes de iniciar. Para além, o Tribunal Superior do Trabalho estipulou uma multa diária no valor de R$2 milhões aos sindicatos, atacando brutalmente a organização dos trabalhadores. Foi, sem dúvida, um erro os sindicatos decretarem um fim para greve na maioria dos estados, ainda que haja resistência de alguns, como é o caso de Minas Gerais.
Quando se fala de tornar crime as greves, não se pode deixar de lembrar dos juízes. A categoria paralisou suas atividades, em março deste ano, pautando a necessidade da manutenção do auxílio moradia, de R$4.300 reais, sem esquecer, é claro, que eles já possuem casa. Sem dúvida essa corja é a representação da corrupção estatal organizada. É totalmente absurdo o benefício deles ser vezes maior que o salário de boa parte da população, sem deixar de ressaltar a parcela que recebe valores inferiores ao salário mínimo.
Não se pode enganar. Uma greve com seriedade não se dará dentro da ordem constitucional do regime golpista. Os petroleiros, por exemplo, anos atrás, faziam greve “em tempos de paz”, na época do governo Lula. Isso não existe mais. O tratamento atual é baseado na criminalização das paralisações, do uso da força, da total repressão. Retomando o passado, foi nessas condições que surgiram a CUT e a FUP. O momento é de retomada, ou seja, de resistência aos impostos pelo governo e judiciário.
Nesse sentido se dá a importância da Central Única dos Trabalhadores (CUT) convocar imediatamente a greve geral. Tal necessidade já foi inclusive expressa por alguns sindicatos, a exemplo dos Arquitetos no Distrito Federal, Correios de Campinas (SP) e Piauí, etc. Como já é constatado, a probabilidade é que o governo de Michel Temer não dure até as eleições de outubro. Se tal caída for decorrente da esquerda, através da greve geral, haverá um caos no governo de seu sucessor, às vésperas da eleição. Tal crise propiciará a liberdade de Lula e, consequentemente, sua eleição. Essa é uma medida certeira de barrar a atuação dos golpistas.