Em um um lapso de sinceridade, o presidente ilegítimo reconheceu publicamente nesta semana que “o País esta quebrado”.
Obviamente que a declaração oculta o fato de que esta situação não é obra do acaso ou mero resultado da pandemia, que no País assume a forma de um verdadeiro genocídio e que o presidente ilegítimo Bolsonaro e toda a direita estão impulsionando, conscientemente.
Neste período, eles agravaram a situação de devastação da economia nacional e das condições de vida da população, que se impôs com o golpe de Estado de 2016.
Como era de se esperar, os chefes das máfias políticas e seus escribas na venal imprensa burguesa protestaram contra a declaração de Bolsonaro, feita em um dos raros momentos em que o presidente que eles elegeram disse, ainda que parcialmente, a verdade. A direita continua adotando a máxima de do ex-ministro da Fazenda (1994), Rubens Ricupero que, sem saber que estava no ar, na TV Globo “confessou” ao Mundo, aquilo que todo político burguês faz:
“Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura; o que é ruim, esconde”
Por isso, os senhores da politica burguesa recriminam Bolsonaro. Quebrar o País, matar o povo de fome, deixar os trabalhadores sem direitos, sem empregos, sem auxílio emergencial, sem testes etc., tudo bem… mas reconhecer que o País está quebrado, aí já é demais, segundo eles.
Bolsonaro acrescentou, com exatidão, que ele não pode fazer nada a respeito. Modéstia. Ele está fazendo. Junto com toda a direita, principalmente os que fingem lhe fazer oposição, contribuindo para aumentar a quebradeira do povo, a devastação do País, enquanto banqueiros e um reduzidíssimo grupo de bilionários aumentam seus lucros.
Mas a quebra do País à qual Bolsonaro se refere não é apenas um fenômeno nacional, como também não pode ser atribuída apenas à pandemia do Coronavírus.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 6,02% no ano passado, mas quedas semelhantes atingiram todo o mundo, incluindo as grandes potências capitalistas, como os EUA, (-3,70%); Japão, (-5,3%); França, (-9,11%) e Reino Unido, (-11,25%). Um destacado economista da London School of Economics, Tristen Naylor, especialista em relações internacionais enfatizou, se referindo aos sete países mais ricos:
“Está todo mundo quebrado agora, até mesmo o G7. Ou melhor: especialmente, o G7”.
Aqui e em todo o mundo, a burguesia se divide entre os que repetem Bolsonaro, afirmando que “não podem fazer nada” e os cínicos, “científicos” que anunciam uma salvação próxima que viria com a vacina, da qual eles não têm nenhuma garantia, cuja primeira dose só foi dada a menos de 0,2% da população mundial (quase ninguém!) sendo usada apenas para jogadas econômicas e políticas contra o povo.
Iniciamos 2021 superando, já na primeira semana, a tenebrosa marca de 200 mil mortos pela covid-19, segundo números oficiais. Somos o segundo país do mundo em número de mortos e o terceiro, de infectados, com mais de 7,8 milhões de casos. No entanto, estudos de órgãos técnicos e declarações dos próprios ex-ministros da Saúde do governo Bolsonaro, indicam que essas cifras seriam de 30% a 50% maiores. Ou seja, teríamos, neste momento, cerca de 300 mil brasileiros mortos.
À essa situação soma-se um recorde de pessoas em situação de “insegurança alimentar”, isto é, que estão passando fome em diferentes medidas. O número gira em torno dos 100 milhões de pessoas. O País tem também – pela primeira vez em sua história – um número maior de trabalhadores desempregados e subempregados (que trabalham apenas algumas horas por dia ou alguns dias por mês) do que o total de empregados. A burguesia tirou proveito dessa situação para rebaixar como nunca os salários, que no serviço público estão congelados há vários anos e/ou atrasados em vários estados e municípios.
É preciso fazer de 2021 um ano de lutas para pôr abaixo o regime que não consegue sequer manter a vida dos seus escravos. Contra a quebradeira do País e a falência capitalista é preciso intensificar a organização independente e revolucionária dos explorados. Fortalecer ou construir partidos independentes da burguesia, partidos operários revolucionários que impulsionem a mobilização dos explorados sobre a base de um programa próprio diante da crise.
Em nosso País, é preciso superar a política reacionária dos setores da esquerda que querem manter os trabalhadores e suas organizações atrelados à burguesia golpista e fazer crer que eles mesmos, que quebraram o País, serão os salvadores da pátria. Superar a paralisia que essa política impõe e impulsionar a luta pelas reivindicações mais imediatas do povo trabalhador diante da crise (como a defesa do auxílio emergencial de um salário mínimo para todos que necessitem; redução imediata da jornada de trabalho para 35 horas semanais; reposição das perdas salariais; impedir a volta às aulas sem vacina, barrar as privatizações etc.), junto com a luta central para colocar para fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela conquista dos direitos políticos do ex-presidente Lula e por sua candidatura presidencial, capaz de unir e mobilizar milhões de explorados em uma luta política decisiva contra o regime imposto pelo golpe de 2016.