O episódio do ataque com coquetel molotov à sede da produtora do canal de humor Porta dos Fundos trouxe à tona que a extrema-direita está levantando a cabeça, passando de uma ação meramente intimidatória, procurando censurar e fazer propaganda para uma ação mais efetiva.
Setores da burguesia, para disfarçar o real conteúdo desses ataques, procura apresentar o problema como sendo um resultado da “intolerância” e do “ódio”. Essa mesma ideia é seguida pela maior parte da esquerda pequeno-burguesa.
Artigo no jornal O Globo, de 26 de dezembro, intitulado “Sinais de agravamento da intolerância” defende que o ataque contra o Porta dos Fundos, assim como o que vem acontecendo contra as religiões de matriz africana, com terreiros sendo destruídos por evangélicos, é motivado por uma intolerância religiosa. Isso nos leva à conclusão de que tal ‘intolerância’ seria produto quase natural da sociedade, como se fosse algo fantástico, não uma política direcionada e impulsionada pela direita golpista.
Segundo artigo de O Globo: “É um sinal dos tempos, pois indica que o país já não é mais tão sincrético assim. Pelo contrário, a convivência entre diferentes credos é cada vez mais difícil. A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa recebeu em torno de 200 denúncias este ano no Estado do Rio até aqui, mais do que o dobro de 2018.” Por algum motivo espiritual, o povo brasileiro teria modificado sua formação social e cultural.
A burguesia defende esse ponto de vista porque pretende esconder a polarização política no País. Tem que esconder a realidade, que o caso contra o Porta dos Fundos é uma ação impulsionada pela direita golpista, pela ação da extrema-direita.
A imprensa golpista não dá nome aos bois porque precisa encobrir que casos como esses são produto de sua própria política golpista que colocou na rua os setores da extrema-direita fascista. Colocou na rua e colocou na presidência um elemento fascista que todos os dias do ano pregou o ataque contra a esquerda e contra qualquer manifestação progressista. Não se trata portanto de uma “intolerância” abstrata, se trata de uma polítca cuja principal responsável é justamente a burguesia golpista. Sem derrubar Bolsonaro e todos os golpistas, e sem enfrentar energicamente os fascistas nas ruas, a situação tende a piorar.