Nas semanas que antecederam as comemorações alusivas à data nacional do país, o 7 de Setembro, ganhou força nas redes sociais uma campanha em defesa do uso da cor preta, simbolizando que o País estaria de luto, uma idéia que foi abraçada por muitos dos segmentos sociais e políticos da sociedade, particularmente por parte da esquerda pequeno burguesa, institucional. Mais esdrúxula ainda foi a posição adotada por um setor desta mesma esquerda, o PCdoB, que exortou a população a sair às ruas usando o “verde e amarelo”, as cores oficiais do bolsonarismo e da extrema direita fascistóide, perseguidora da esquerda nacional.
Vale lembrar que o PCdoB mantém uma página na internet com o nome “Vermelho”; ou seja, como espaço de propaganda o “vermelho” é aceitável, mas enquanto ação política prática, para sair às ruas contra os golpistas; contra o regime burguês direitista e para a defesa dos interesses da população, aí o “vermelho” perde a sua eficácia, a sua utilidade, pois neste momento, entra em ação – de acordo com o PCdoB – as cores “nacionais”, o verde e amarelo dos golpistas, dos militares, dos “nacionalistas”.
Quanto ao uso da cor preta, simbolizando o luto, nas vestimentas no dia da “pátria”, para se opor ao verde e amarelo proposto à população pelo presidente fraudulento – cada dia mais impopular e em queda livre em todas as pesquisas – trata-se de um estímulo à paralisia, à capitulação, a uma campanha em favor da prostração e do desânimo, justamente no momento em que o regime golpista atravessa sua maior crise, com fraturas no interior da própria burguesia, que busca uma alternativa indolor para se livrar do próprio Bolsonaro.
Esta campanha que difunde a idéia que o país deveria estar de luto em função da cadeira presidencial estar sendo ocupada no momento por um reacionário obscurantista (a quem setores da esquerda desejaram “boa sorte” em seu governo); em razão dos ataques e da ofensiva do governo contra o país e as massas populares, muito longe de contribuir para qualquer avanço na luta contra os golpistas e a extrema direita, vale dizer contra o conjunto do regime burguês opressor e pró-imperialista, cumpre exatamente o propósito contrário, pois dissemina a paralisia, a dispersão e a confusão nas fileiras dos trabalhadores e das massas populares, que neste momento ocupa as ruas do país exigindo a queda do governo, com a palavra de ordem que já se tornou o hino oficial da luta contra o bolsonarismo, o “Fora Bolsonaro”
Neste sentido, as lamentações e a choradeira da esquerda pequeno burguesa não cumprem qualquer papel progressista, não abre nenhuma perspectiva de organização e luta contra o cambaleante governo Bolsonaro. A situação de conjunto está marcada pela necessidade da ruptura com a política defensiva, que vem marcando a atuação das forças políticas que se opõem ao bolsonarismo e ao regime golpista. A orientação a ser seguida deve estar guiada pela luta contra o governo Bolsonaro, contra a avalanche de ataques à população e ao país e nesta perspectiva, o que está colocado de forma clara é a lutta pelo fim do regime golpista, fraudulento, expresso na palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, por novas eleições e pela ampliação e fortalecimento da luta pela liberdade do ex-presidente Lula.