“24 mil demissões em cadeia”, essa é a estimativa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) como consequência do fechamento da unidade da Ford de São Bernardo do Campo, como recentemente anunciada pela empresa.
São cerca de 3 mil funcionários, nessa que é a maior e mais antiga unidade da multinacional norte-americana em funcionamento no país. As outras duas estão localizadas em Taubaté (SP) e Camaçari (BA).
Segundo justificativa da direção da Ford, o fechamento da unidade de São Bernardo faz parte do plano de “reformulação global do negócio da companhia”. A montadora, também, informou que chegou a buscar um comprador ou um sócio para a operação de caminhões, a principal fonte de prejuízos, mas, diante do insucesso, optou por fechar a fábrica.
O interessante é que as alegadas dificuldades da montadora vão na contramão das vendas no Brasil. Apenas nos últimos 3 meses de 2018, as vendas ajustadas tiveram um crescimento de 17%.
Desde que montou a sua primeira planta no Brasil, essa mesma de São Bernardo, há mais de 50 anos, a Ford já transferiu centenas de bilhões em lucros para sua matriz nos EUA.
Se a própria crise do capitalismo está derrubando a margem de lucros das empresas imperialistas, isso não deve ser um problema para os trabalhadores, mas dos próprios capitalistas.
Primeiro, temos de duvidar se o problema é mesmo o “prejuízo com a venda de caminhões”. Afinal, quem controla os livros da empresa?
É provável que as ameaças desfechadas pela Ford estejam em sintonia com o objetivo de impor aos trabalhadores brasileiros o rebaixamento salarial e a perda de direitos como o imposto por uma outra montadora, a General Motors, aos trabalhadores de sua fábrica em São José dos Campos.
Finalmente, se de fato estamos diante de uma crise das montadoras no Brasil, quiçá no mundo, que os capitalistas paguem por ela e não os trabalhadores.
Com o anúncio do fechamento da Ford, o sindicato dos metalúrgicos do ABC da CUT decretou imediatamente a greve dos trabalhadores da empresa. Decisão de luta e muito importante. Bem diferente do que fez os sindicalistas do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, ligados a Conlutas, que, entregaram a categoria sequer sem dar um grito.
Na etapa de mobilização que necessariamente surge com a greve, cabe à direção do sindicato dos metalúrgicos do ABC expandir o chamado à luta para toda a base do sindicato e a outras categorias de trabalhadores da região do ABC paulista.
Nunca é demais lembrar que esse sindicato cumpriu papel fundamental na luta operária que levou à derrota da ditadura militar.
Os trabalhadores não podem e não devem pagar pela crise deles! Fazer o chamado da greve geral e defender a ocupação da fábrica contra as demissões, são palavras de ordem que necessariamente surgirão da mobilização.
Se os patrões desejam fechar a fábrica e lançar os trabalhadores no desemprego, na miséria, que os operários assumam o controle da produção, garantam seus empregos e seus salários e que a fábrica seja expropriada.