Por Antônio Carlos Silva
O Brasil ficou em último lugar em ranking internacional sobre valorização do professor.
Em pesquisa encomendada pela Fundação Varkey, organização voltada para a educação baseada em Dubai, verificou-se que nosso País tem o mais baixo Índice Global de Status de Professores (GTSI), o qual foi calculado por meio do cruzamento dos resultados existentes do Pisa com respostas sobre professores obtidas por um instituto econômico baseado na Universidade de Sussex, que analisou mil adultos em cada um dos 35 países pesquisados, além de 5.500 professores espalhados desses países.
O estudo abordou aspectos como salário, respeito por parte dos estudantes, prestígio na sociedade e a opinião da população sobre o sistema educacional. O Brasil teve nota 1 (de 100 possíveis!!). Israel, o penúltimo colocado, ficou com 6.65.
De acordo com estudo, o respeito pelos professores é muito baixo no Brasil e apenas 9% dos entrevistados acreditam que os alunos o fazem. Os países que obtiveram melhores colocações foram os asiáticos. China, Malásia, Taiwan, Indonésia, Coreia do Sul e Índia ficaram à frente “de todos os países europeus e de todas as nações ocidentais”, evidenciando-se um retrocesso da Educação nos países capitalistas, como resultado do agravamento da crise histórica do capitalismo.
Nossa situação é o resultado de uma política sistemática de ataque ao ensino público por parte dos governos golpistas defensores do ensino privado e vem se agravando desde o golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma, em 2016.
E o governo ilegítimo de Bolsonaro e seus seguidores querem que fique ainda pior. Uma minoria de reacionários está atacando, perseguindo e agredindo professores em todo o País. São os defensores do projeto “Escola Sem Partido” que quer impor a censura nas escolas, calar a voz de professores e estudantes, para que estes não lutem contra o corte de verbas na Educação, contra a famigerada “reforma” do ensino médio, que quer cortar disciplinas, demitir professores e impor o ensino à distância, para aumentar o número de milhões de jovens fora da escola. São os defensores da redução da maioridade penal e do massacre de jovens e negros pelas forças de repressão; são os apoiadores da ditadura que querem impor contra o povo brasileiro. Querem fechar escolas e abrir mais presídios.
Contra essa ofensiva, nós do PCO e da Corrente Educadores em Luta, estamos lançando uma ampla campanha em todo o País, contra essa verdadeira operação de “caça às bruxas” como os setores reacionários já fizeram em vários momentos da história.
O objetivo da direita é de calar todo mundo. Começaram pelos professores, pelas escolas e universidades onde a circulação de ideias e o princípio da liberdade de expressão são fundamentais.
Atacam, principalmente nas escolas e universidades públicas. Sabe-se bem que a escola capitalista – que visa o lucro – tem como doutrina, por questões óbvias, a ideologia de direita e capitalista. Algo de certa forma normal, já que a maneira como é formulada toda a educação é assim.
Querem interferir também nos assuntos que são abordados no livros escolares, como são feitas as provas e assim por diante. Querem impedir que se discuta nas escolas, a exploração da classe operária, a opressão da mulher, do negro e da juventude; que a Educação sirva também para a necessária luta de classes, contra a ditadura e a opressão capitalista.
Eles temem pois sabem que muitos professores são de esquerda ou têm um pensamento progressista. Isso por conta da própria condição social do nosso trabalho, que nos coloca diretamente em contato com a classe operária e seus filhos nas escolas públicas; e nas privadas, onde promovemos um debate que também não favorece a burguesia.
É por isso que querem nos censurar. Nos manter sob as rédeas da direita, colocados dentro dos limites criados pela burguesia e os generais, no regime golpista que estamos vivendo.
Estão estimulando uma campanha de assédio, vigilância, agressões e censura, que visa criar um clima de paranoia e uma atmosfera de medo. Ao estilo do nazinsmo e da ditadura militar. Esperam com isso, intimidar toda a sociedade. Manter todo mundo calado para que não haja denúncias das brutalidades cometidas pelo regime golpista.
Eles são minoria.
Nós professores, somos mais de 2 milhões e contamos com respeito e admiração da imensa maioria dos pais e alunos que sabem que trabalhamos com salários miseráveis, enfrentando a política de destruição do ensino dos governos golpistas e inimigos da Educação.
É justamente por isso que precisamos enfrentá-los e derrotá-los
Um grupo bem organizado de professores e estudantes pode derrotar facilmente essa minoria de direitistas que se encontram nas escolas. Por isso, chamamos a todos os professores, seus sindicatos, os estudantes e suas organizações, os pais, seus sindicatos e associações a organizar em um grande comitê de solidariedade para lutar contra esses ataques e ameaças.
É preciso criar uma grande rede de apoio, de denúncias e de enfrentamento com a direita, como um passo decisivo na história política dos professores, o que vai influir de forma muito positiva na educação de nossos filhos e alunos e de todos os que participarem dessa luta que é parte importante da luta contra o regime golpista, de interesse da imensa maioria da sociedade, daqueles que produzem a riqueza, defendem e necessitam do ensino público e gratuito em todos os níveis, livres do controle da direita reacionária.