A acertada decisão do PT de boicotar a posse do candidato do golpe e da fraude, seguida, também, pelo PCdoB e o Psol, foi um gesto importante, mas que não pode se reduzir a isso.
Mal tomou posse, o governo golpista, agora na sua versão extrema-direita, já anunciou uma série de medidas de declaração de guerra contra os trabalhadores, como foi o caso da redução do reajuste miserável do salário mínimo do golpista Temer e o de preparar o terreno para esmagar seguimentos os mais indefesos do País, como as populações indígenas e quilombolas.
Mas não se trataram apenas de medidas concretas de guerra contra a população explorada, Bolsonaro falou em seu discurso em “libertar o país do socialismo”. Embora para muitos setores de esquerda o que foi dito pelo capitão fascista tenha sido vazio de conteúdo, não podemos nos enganar sobre os seus propósitos.
Nunca existiu socialismo no Brasil, mas quando o fascista se refere ao “socialismo”, a sua mensagem quer dizer que pretende destruir toda a legislação trabalhista e social do país e as próprias organizações dos trabalhadores.
Nesse momento crucial da luta de classes no país, para que a atitude do PT, PCdoB e Psol seja consequente só há um caminho, que é o da mobilização popular pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas.
De nada vai adiantar para os trabalhadores acreditar no jogo institucional. Os discursos no Congresso Nacional controlado pela direita ou a pressão sobre o STF já se mostraram como um beco sem saída. À esquerda que realmente quer lutar contra o golpe e a política de miséria que Bolsonaro pretende impor à população, só há o caminho de uma ampla mobilização popular, com atos de massas, organizar os trabalhadores nas frentes de luta, nos sindicatos, na CUT, no MST, para derrubar o presidente fascista.
Nessa etapa da luta, não se pode cometer o erro de lutar contra as medidas individualmente, mas o eixo deve ser o próprio golpe. É por isso que é necessário resgatar a proposta feita pelo MST de um massivo Congresso do Povo, com dezenas de milhares de delegados como um mecanismo central para construir uma escalada crescente da luta dos trabalhadores para derrotar o golpe, pelo fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula, a nossa maior expressão política na luta contra o golpe.