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Campanha pró-imperialista

Os assassinatos no campo pelos quais o imperialismo não chorou

Os latifundiários cometem crimes diariamente no Brasil contra sem-terra e indígenas, inclusive com a conivência da burguesia

O desaparecimento e, ao que tudo indica, brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia mereceu da imprensa capitalista nacional e internacional ampla e destacada cobertura, o que contrasta com as centenas ou milhares de sem-terra e indígenas assassinados pelo latifúndio e pelas empresas capitalistas que dominam o interior do país, para esses a imprensa internacional e nacional não vertem uma lágrima.

Contudo, o destaque dado, sobretudo, internacionalmente, e que reverbera nos monopólios da imprensa nacional mais ligados ao imperialismo, vai para além do caso em si, apesar de espantoso e terrível. O acontecimento tomou na imprensa capitalista conotações de campanha política, uma campanha, cujo centro é o interesse econômico do imperialismo na Amazônia.

Ao considerar a situação de luta no campo e o mínimo destaque que dá a imprensa para a grave situação conflituosa na região norte e Centro-Oeste do País, as matanças promovidas por empresas, latifundiários, grileiros, empresas de mineração nacionais e internacionais contra a população indígena, sem-terra e a população pobre em geral. A violência dessas quadrilhas do latifúndio e de empresas que exploram ilegalmente a região da Amazônia e outras do norte e no centro-oeste, a imprensa capitalista se cala. Merecem, quando muito, pequenas notas de pesar na imprensa capitalista.

Somente até maio de 2022, pelo menos 19 pessoas foram assassinadas no campo brasileiro, de acordo com o relatório preliminar do Centro de Documentação da Pastoral da Terra (Cedoc-CPT). A maior parte destas vítimas são indígenas, sem terras e ativistas, mortos impunemente pelo latifúndio e por empresas que buscam, pelo esmagamento da população local, expandir os negócios.

Em abril deste ano, três indígenas da Terra Indígena Yanomami, maior reserva indígena do país, localizada entre os Estados do Amazonas e Roraima, foram assassinados. Dois deles teriam sido vítimas de um conflito na reserva estimulado por empresas de mineração que querem explorar as terras e teria entregado armas e estimulado um grupo de indígenas para criar uma contenda no interior da reserva.

Também duas crianças foram vítimas, segundo Júnior Hekurari Yanomami, líder indígena, da ação destas empresas, que a imprensa capitalista chama de garimpeiros como se tratasse de pessoas individuais. Uma criança de 12 anos foi estuprada e morta na comunidade de Aracaçá, no norte de Roraima; outra caiu no rio Uraricoera e desapareceu durante um ataque coordenado destas empresas que querem explorar os recursos minerais e naturais do local, expulsando a comunidade indígena e a população pobre da região passível de exploração pelo latifúndio ou pelas mineradoras.

O campo brasileiro continua uma terra sem lei, onde vigora a vontade do mais forte. Essa realidade implacável, que vitimou um sem número de pobres, índios, sem-terra, em que se faz fortunas às custas do sangue do povo, nunca incomodou a grande imprensa capitalista nacional e internacional, ao contrário, sempre defenderam os latifundiários e grandes empresas exploradoras, justificavam abertamente o massacre do povo, condenando os movimentos sem terra e os movimentos indígenas em luta por seus direitos.

A política dos monopólios da imprensa capitalista internacional e nacional não mudou de posição com o trágico caso do Bruno Pereira e Dom Phillips, vítimas do latifúndio e dos capitalistas internacionais e nacionais que controlam com mão de ferro parte do interior do País respaldados pelo Estado nacional. Utilizam de maneira vil o chocante crime para reafirmar sua posição, de entrega da Amazônia e de outras regiões para o capital internacional, que já o controla em parte.

A campanha da imprensa de imediato recaiu sobre o governo Bolsonaro, pela sua aliança evidente com o latifúndio e contra os povos indígenas e sem-terra. Foi destaque às políticas de Bolsonaro de desmonte da fiscalização nestas regiões distantes e o franco favorecimento aos capitalistas que exploram essas regiões. Mas não apenas, a crítica é mais insidiosa, trata-se de mostrar que o Estado brasileiro, corrupto, é incapaz de defender a Amazônia e os povos autóctones.

A imprensa internacional e até mesmo organismos internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pediu esclarecimentos ao governo brasileiro sobre a segurança desta enorme região. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, pediu justiça e cumprimentou os defensores da floresta tropical. Fortalece-se a ideia de que a salvação da Amazônia, da floresta e dos povos vem de fora do país, e não é difícil ver, até mesmo na esquerda pequeno-burguesa, quem defenda a intensificação da ação do imperialismo na Amazônia para supostamente defendê-la da política bolsonarista.

De maneira torpe, o imperialismo e a imprensa capitalista nacional pró-imperialista utiliza um acontecimento trágico e a política reacionária e criminosa de Bolsonaro para criar o clima para uma campanha de entrega paulatina da Amazônia as grandes empresas imperialistas, que já atuam amplamente na região, diretamente ou por meio de ONGs imperialistas.

As empresas imperialistas não são menos violentas que o latifúndio e o capital nacional que atua na região, e sua ação pode ser ainda mais destrutiva do ponto de vista do povo e extraordinariamente deletéria do ponto de vista do Estado nacional, cada vez mais cooptado por interesses estrangeiros.

A imprensa imperialista e a imprensa capitalista pró-imperialista nacional usam o caso tão e somente para fazer propaganda dos interesses dos monopólios internacionais na Amazônia, assim como dos interesses dos estados imperialistas e enfraquecer o Estado nacional com a presença do capital internacional no país domingo regiões inteiras. Usam igualmente a política reacionária e criminosa de Bolsonaro para o campo e a Amazônia, no sentido de criar uma opinião favorável a uma maior interferência do imperialismo na região.

É preciso se opor completamente a qualquer interferência estrangeira na Amazônia ou em qualquer região do país. Se opor a política criminosa de Bolsonaro e a ação predatória, assassina, vil e deletéria ao país do latifúndio e das empresas nacionais e internacionais nas regiões da Amazônia e do centro-oeste não significa de maneira alguma, apoiar a política imperialista, que é tão ou mais violenta e terrível quando a que está vigorando. É preciso defender uma política que atenda os interesses dos trabalhadores sem terra, dos indígenas; do povo pobre do país, lutar por um programa de reforma agrária, modernização da agricultura com incentivo ao pequeno agricultor, reservas indígenas e apoio às comunidades indígenas com todo o material necessário para o desenvolvimento dessas comunidades na medida do seu próprio ritmo; estatização da mineração no país.

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