Da redação – O diretor da Penitenciária Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, Nilton Soares de Azevedo, denunciou que não há registros de que o ex-policial militar, Ronnie Lessa, tenha sido interrogado pela Polícia Federal nas dependências da unidade prisional como afirmaram ter ocorrido.
Lessa é suspeito de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em março de 2018 e vizinho do presidente fascista, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Nas redes sociais, Élcio Queiroz, o outro envolvido, exalta o mandatário brasileiro e expõe fotos com ele.
“E daí eu fiz um pedido para a Polícia Federal, quase com um “por favor”: chegue em Mossoró e interrogue o ex-sargento (Lessa ainda é sargento da PM do Rio). Foram lá, a PF fez o seu trabalho, interrogou e está comigo a cópia do interrogatório, onde ele diz simplesmente o seguinte: “A minha filha nunca namorou a filha do presidente Jair Bolsonaro, porque a minha filha sempre morou nos Estados Unidos”. Mas, eu é que tenho que correr atrás disso? Ou é o ministro, ou é a Polícia Federal, que tem que se interessar?”, emendou Bolsonaro.
Agora, surge mais uma informação que contradiz o afirmado por Jair Bolsonaro no último dia 24 de abril, quando ao falar sobre a demissão do então ministro da Justiça Sergio Moro disse que teve que cobrar “pessoalmente” informações sobre o suposto namoro de um de seus filhos e a filha do ex-policial.
A informação veio após um pedido de acesso à informação ao juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior, corregedor da Penitenciária Federal, sobre a data em que o depoimento teria ocorrido. Com isso, o diretor da unidade informou que “ao consultar os outros bancos de dados, não se localizou a informação referente a vinda de uma equipe para ouvir exclusivamente esse preso nesta unidade”.
“A intenção de dizer que o meu filho namorava a filha do ex-sargento era que nós tínhamos um relacionamento familiar. Eu não me lembro dele”, ressaltou a reportagem sobre a declaração de Bolsonaro na ocasião do seu pronunciamento no dia 24 de abril. “Eu pedi para o Sergio Moro investigar o namoro do meu filho com o filho do ex-sargento. Depois de muito custo, ele determinou que a PF fosse para Mossoró e a PF ouviu. Tenho o extrato aqui e posso mostrar. Sem problemas”, completou em seguida.
Porém, vale lembrar também à época, que Ronnie Lessa, Élcio Queiroz, Mad, Leléo e Macaquinho estão no catálogo de matadores de aluguel do Escritório do Crime, grupo de agentes das forças de segurança que atuam na região de Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro, há pelo menos 20 anos. Citado por Beto Bomba, Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-oficial do Bope, é apontado como chefe da organização criminosa.
“Só que o sr. Brazão veio aqui fazer um pedido para um dos nossos aqui, que fez contato com o pessoal do Escritório do Crime, fora do Adriano [da Nóbrega], sem consentimento do Adriano. Os moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e tacaram fogo nela [Marielle]”, afirma Beto Bomba, na conversa com Siciliano.
E para finalizar esta viagem no tempo, Nóbrega foi assassinado no dia 9 de fevereiro deste ano, após uma operação policial que tentava capturá-lo na Bahia, depois de um ano foragido. Figura-chave para compreender diversos crimes, mas também para entender a relação do clã Bolsonaro com as milícias cariocas, teve 13 celulares apreendidos, e que estão com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, mas que ainda não foram periciados.
Será que há alguma relação com a demissão de Moro, a troca de chefe da PF nacional e a intervenção nítida na polícia federal do Rio de Janeiro? Até para uma criança a resposta seria óbvia!