A crise provocada pela epidemia do coronavírus atingiu praticamente a totalidade do planeta. A expectativa é que 70 % da população mundial seja contaminada em algum momento, deixando milhões de pessoas doentes e necessitando de assistência médica imediata para boa parte.
O enfrentamento da epidemia se dá de diferentes maneiras nos países afetados, porém o que predomina, são as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendando neste primeiro estágio de disseminação do vírus , a diminuição da circulação das pessoas com vistas a retardar a contaminação.Os diversos países, cientes que seus sistemas de saúde em maior ou menor grau não comportam o volume de doentes previstos, decidiram em sua maioria a decretação de quarentena com medidas restritivas de circulação mais ou menos rigorosas.
Os efeitos destas restrições para as economias capitalistas que já enfrentavam uma crise sem precedentes é devastador, encontrando assim forte resistência por parte da burguesia mundial que não abrirá mão em hipótese alguma de seus lucros, mesmo diante da morte de milhares de pessoas. Alguns países tomam medidas no sentido de conter a rápida disseminação e ao mesmo tempo salvar minimamente suas economias, pois a restrição de circulação do povo sem ações que garantam a manutenção da renda é totalmente inócuo tanto para conter a epidemia , tanto para evitar o colapso econômico.
Assim o faz o presidente da Rússia Vladimir Putin, que anunciou nesta semana a manutenção dos salários dos trabalhadores em quarentena. Dentre outras medidas, está também a garantia de renda aos desempregados, e a renovação de benefícios sociais por mais 6 meses sem necessidade de comprovação. As medidas acertadas de Putin não devem ser vistas como benesses para a população, devemos lembrar este é uma representante dos capitalistas nacionais que não são diferentes dos demais países. São sim ações básicas e obrigatórias para a proteção dos trabalhadores russos que guardam em sua memória coletiva o poder da classe operária da Revolução em 1917. A classe trabalhadora Russa, apesar do refluxo do movimento operário no país, certamente pressiona o governo com sua força e experiência acumulada.
Diferente disto, no Brasil o presidente golpista vai a público determinando sob pressão do empresariado local propor o sacrifício de morte para o povo brasileiro diante da epidemia. Os governadores por sua vez, se aproveitam do momento de total impopularidade de Bolsonaro para se promoverem politicamente, sem no entanto nenhum deles , tanto governo federal quanto os estaduais apontarem para um meio que de fato proteja a saúde e a renda da população brasileira que terá que decidir entre morrer de vírus ou morrer de fome.
Para o combate da epidemia, o Partido da Causa Operária, em editorial em 15 de março, lançou a público além da necessidade de convocação pela central da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a realização de um grande congresso popular da cidade e do campo para discutir a amplitude da crise, e elaboração de um programa popular para enfrentamento, assim como um plano de lutas para a mobilização popular para impor ao governo esse programa, em um momento em que os capitalistas pensam apenas em salvar sua própria pele.
As medidas propostas pelo PCO são as seguintes:.
- Aumento imediato das verbas para a saúde, aumentar o número de instalações e equipamentos
- Suspensão das aulas nas escolas e universidades
- Contratação imediata de todo o pessoal da saúde necessário para enfrentar a crise
- Aumento do número de leitos nos hospitais públicos
- Distribuição gratuita da máscaras, luvas e álcool e remédios
- Formação de conselhos populares de fiscalização do serviço de saúde
- Estatização de todo o sistema de saúde
- Estatização dos laboratórios
- Estatização da produção de equipamento de saúde
- Construção de abrigos para os moradores de rua
- Aumento das vacinas disponíveis contra a gripe e abertura de mais postos de vacinação
- Proibição de cortes de luz e água
- Estabelecer sistema de testes em todos os lugares
- Suspensão do rodízio de automóveis
- Proibição das demissões
- Licença saúde paga para todos os afetados pela crise
- Redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, formação de turnos com pessoal reduzido
- Comitês de controle do abastecimento e especulação com gêneros de primeira necessidade
- Proibição da superlotação do transporte público
- Reforço da merenda nas escolas públicas e presídios
- Soltar todos os presos provisórios, não perigosos, garantir condições de saúde adequadas
- fazer todos os estabelecimentos funcionar em turnos
- Nenhuma suspensão de direitos políticos, reunião, manifestação
- Nenhum dinheiro para os bancos e especuladores, estatização do sistema financeiro
- Nenhum dinheiro para os capitalistas, estatização das empresas falidas
- Nenhuma demissão, escala móvel de horas de trabalho
- Redução da semana de trabalho para 35 horas (7×5)
- Aumento dos valores do bolsa-família e extensão do plano para fazer frente às necessidades de saúde e da crise econômica
- Fim das privatizações, cancelamento das já realizadas
- Fora Bolsonaro, Witzel, Doria etc.
- Por uma assembléia constituinte convocada sobre a base da mobilização popular
- Por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo
Compete à Central Única dos Trabalhadores e aos sindicatos, chamar os trabalhadores para enfrentar os capitalistas, derrotar Bolsonaro e todos aqueles que fingem agir no combate à epidemia e em proteção à população, sem o que o povo Brasileiro estará lançado à própria sorte. A luta é mais do que nunca pelo fora Bolsonaro.