Em junho, Paul Whelan, ex-fuzileiro naval dos Estados Unidos, foi condenado a 16 anos de prisão por espionagem. Seus parentes colocam a situação como sendo completamente política, acusando o governo russo de prisão injusta. Segundo a acusação, Whelan é um oficial de inteligência bem treinado, fato que ele nega veementemente ao dizer que “sequestraram um Mr. Bean em férias”.
Com isso, teve início uma forte campanha por parte da imprensa burguesa para deslegitimar a condenação feita pela justiça russa. Prontamente, foi denunciado que o processo foi uma fraude, questionou-se sua imparcialidade e o taxou-se como polêmico. Em seguida, a mídia internacional procurou transformar Whelan em um verdadeiro mártir da democracia norte-americana, afirmando tratar-se de uma condenação puramente ideológica.
Chama atenção o fato de Whelan ser prontamente taxado como preso político pela imprensa burguesa. Ao mesmo tempo, Maria Butina, cidadã russa, foi presa nos Estados Unidos por suposta espionagem. A “agente”, que já foi liberta, foi presa por cerca de 18 meses, condenada por interferência na política interna norte-americana. À luz desse fato, a imprensa capitalista parece não se alardear tanto quanto no caso do ex-fuzileiro. Classificam-na simplesmente como uma “presa comum”, sem qualquer outra análise acerca de sua situação.
Infelizmente, não devemos nos surpreender com o tratamento que a imprensa burguesa dá à Rússia e aos seus cidadãos. Desde a Guerra Fria – que, pelo visto, não acabou – o país é tido como “malvado”, enquanto que os Estados Unidos representam o cúmulo do bem que há no mundo. Deve ficar claro que isso não é coincidência, afinal de contas, o governo de Putin é um dos poucos que resiste ferozmente à política imperialista norte-americana. Nesse sentido, existe uma operação constante por parte do imperialismo para garantir que essa ameaça seja neutralizada, utilizando, inclusive, do monopólio da comunicação, que este controla.
O ponto é que existe uma guerra sendo travada entre o governo nacionalista de Putin e o governo imperialista de Trump. Com isso, não se pode ser ingênuo e acreditar em qualquer tipo de julgamento promovido pela imprensa burguesa. Acima disso, todo e qualquer país aliado ao imperialismo norte-americano possui uma imagem extremamente positiva frente à comunidade internacional, enquanto que qualquer país que se opõe à dominação generalizada por parte das grandes potências é completamente esculachado e isolado.
Prova clara disso é que, enquanto se defende das investidas genocidas promovidas pelo eixo imperialista, o Irã é tido como um estado terrorista e assassino. Ao mesmo tempo, Israel, país diretamente responsável pela morte de milhares de pessoas, em conjunto com os Estados Unidos, representa um exemplo da democracia dentro do mar de terror do Oriente Médio.
O momento clama por criticidade, principalmente sobre o imperialismo norte-americano. Além disso, é necessário denunciar de forma categórica a falácia propagada pela imprensa burguesa. Não passa de uma grande campanha de intrigas direcionada para atacar os países atrasados e garantir que não se unam pela derrubada do Estados Unidos e sua política terrorista. Mais uma clara faceta da estratégia do “dividir para conquistar”.