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Repressão policial no carnaval

Na Bahia não se pode criticar a criminosa PM

Após denunciar a atuação violenta da PM no carnaval o cantor Igor Kannário é perseguido pela burguesia

As denúncias feitas pelo cantor e deputado federal Igor Kannário contra a ação violenta da polícia militar da Bahia durante o carnaval estão gerando uma verdadeira campanha de ataques ao denunciante. Na segunda-feira de carnaval, 24 de fevereiro, Kannário fez criticou a atuação violenta de policiais a foliões que acompanhavam seu trio no circuito do Campo Grande, disse: “Agressores. Venham me bater aqui em cima seus bunda mole”; pedindo ao público que vaiasse os policiais em seguida: “Peço à imprensa, filma isso aí. Isso é abuso de poder, abuso de autoridade. Quero uma vaia para a Polícia Militar da Bahia“.

Dias depois Kannário postou no Instagram um vídeo sobre a conduta dos policiais:

https://www.instagram.com/p/B9DZxGZD4GU/?igshid=jfa5oo0blvy1

No mesmo dia os meios de comunicação da burguesia deram amplo destaque às declarações do cantor, seguindo-se posicionamentos de políticos, do comando da PM, do governo do Estado. Políticos como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e major Fabiana (PSL-RJ) atacaram o cantor via redes sociais, o comandante-geral da PM da Bahia, coronel Anselmo Brandão, disse que as falas não são compatíveis com a atividade de um parlamentar. Outro comandante da PM, coronel Humberto Sturaro, em entrevista a uma rádio de Salvador, afirmou que por pouco não agrediu Kannário em um restaurante. O prefeito ACM Neto, que está numa “sinuca de bico” por ser presidente nacional do DEM, atual partido de Kannário, ao ser perguntado se tomaria alguma medida contra o cantor, “saiu pela tangente” e disse que a atuação como artista não se confunde com a de parlamentar e não iria encaminhar punição no partido sobre o episódio.

Apesar das declarações e da intensa campanha feita contra Kannário, a ação mais grave até o momento foi do governador Rui Costa, que acionou a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para que seja feita uma representação no Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra o cantor por calúnia e difamação.

Rui Costa, faz demagogia com os policiais dizendo que “medidas precisam ser tomadas em respeito à PM e em defesa da honra de pais e mães de família que fazem parte da corporação”. A PGE vai ainda mais longe e diz que trata-se de fato gravíssimo e ser uma atitude que atenta “contra a ordem pública”.

Liberdade de expressão

Toda essa campanha da burguesia contra as denúncias do cantor em suma é um direto ataque, em primeiro lugar, à liberdade de expressão, direito fundamental de qualquer cidadão, e segundo que ganha maior projeção a repressão às denúncias o fato de ser um crítica à instituição que é o braço armado da burguesia, responsável por massacrar diariamente a população pobre e os trabalhadores, instituição que é sustentada e fortalecida constantemente para que não haja manifestação popular em nenhuma situação, o que envolve também o carnaval, que é uma dos momentos em que a população toma as ruas do país e se manifesta das diferentes formas.

É importante destacar que a atuação violenta da PM durante o carnaval é algo conhecido em todo o país e praticamente unânime entre a população que está na rua e não nos blocos ou camarotes e por ser deputado Kannário deve ter todo o direito de denunciar e se pronunciar, não só pela atuação policial no carnaval, mas no dia a dia também, se assim o fizer. Preservar o direito dele de se pronunciar e denunciar, é preservar o direito de toda a população de se expressar, principalmente, ao ser massacrada pela violência policial. É a defesa da liberdade de expressão incondicional, que protege inclusive militantes políticos que são inclusive mais contundentes ao pedirem o fim da polícia.

Outro aspecto que gera confusão é o fato de Kannário poder estar utilizando suas declarações, que são recorrentes, como ferramenta política para atrair e manter seu eleitorado. Outro aspecto que é mais que natural dentro de um regime democrático e não deve servir de parâmetro para qualquer cerceamento de direitos. Realizar discursos para ganhos eleitorais faz parte da vida social e política, sendo inclusive, a principal ferramenta da política burguesa, afinal como candidatos com políticas completamente impopulares são eleitos, como o clã Bolsonaro, João Dória, Fernando Henrique Cardoso, se não for através de uma ampla campanha demagógica? O discurso demagógico deve ser confrontado e refutado, mas nunca deve-se cercear a liberdade de expressão, pois, leis anti-democráticas, só servem para atacar os partidos da esquerda, movimentos populares e a população explorada em geral.

Por conta da campanha contra o cantor, a prefeitura de Cachoeira, cancelou uma apresentação que o cantor faria no próximo dia 15 em comemoração ao aniversário da cidade, já iniciando um processo de censura ao cantor. A apresentação seria bancada pela Bahiatursa, órgão do governo do Estado, para o turismo.

Policiais ameaçam crise no Estado golpista

A debilidade do governo Bolsonaro, suas contradições com os diversos setores da burguesia, o aprofundamento da crise econômica e todo o enfrentamento com a população decorrente dos ataques diários, põe em destaque a situação das forças de repressão do Estado. Por todo o país há policias se rebelando e pressionando o poder local por melhores salários e outras reivindicações específicas, os governos estaduais estão manobrando de todas as formas para evitar perder o controle sobre as forças policiais. É nesse sentido que governos como o de Rui Costa na Bahia, estão fazendo uma grande demagogia com este setor, tratando de forma diferenciada em relação a outros servidores, oferecendo privilégios ao comando, indicando inclusive como candidata à prefeitura de Salvador uma oficial da instituição.

O movimento feito por Rui Costa de união à burguesia local e que busca se apoiar na instituições policiais é similar em vários Estados do Nordeste, como no Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão. É a política da frente ampla, a frente com a burguesia golpista, a mesma que deu o golpe em Dilma Rousseff em 2016, insuflou a extrema direita e colocou Bolsonaro na presidência. Agora, enquanto a crise do governo Bolsonaro se aprofunda e o enfrentamento com os trabalhadores se torna a cada dia mais nítido, buscar se atrelar ao grupo político que dá suporte ao governo Bolsonaro, é de fato uma política suicida e que permite uma sobrevida desse governo.

 

Outra postagem sobre a atuação da PM:

https://www.instagram.com/p/B9DZP-inay4/?igshid=uyzwulhlckqv

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