Não é novidade o fato de a burguesia conseguir arrastar, constantemente, setores centristas da esquerda nacional para a sua política de assalto às riquezas da população. Ciente de seus interesses, a direita, especialista em demagogia, sempre tem uma boa justificativa para seus ataques aos trabalhadores. Um dos momentos em que se pôde ver recentemente a colaboração da esquerda com a burguesia foi na discussão sobre o problema das multas.
A defesa da criação de multas para “corrigir” a sociedade nunca foi uma ideia progressista. Dizer que multas são “vidas”, isto é, que multas salvam vidas, conforme defendem vários setores da esquerda nacional, é um absurdo.
Quem estabelece as multas vigentes no Brasil são as instituições responsáveis pela criação de leis – isto é, as instituições burguesas. Portanto, quem cria, implementa e fiscaliza as multas não são a população, mas sim a burguesia. A classe que foi capaz de destruir um país com uma bomba atômica, que criou campos de concentração, que mata índios, sem-terra e negros como se fossem baratas é a classe responsável pelas multas.
O que está por trás das multas é o interesse da burguesia em assaltar a população, como sempre. Por um lado, o dinheiro das multas vão para o Estado e alimentam sanguessugas que se incrustam na burocracia estatal para desviar o dinheiro público para seus cofres. Por outro, as multas controlam determinados aspectos relacionados ao número de acidentes e homicídios, de modo que as seguradoras – que são controladas pelos bancos – não tenham prejuízo.
Toda a discussão sobre o problema das multas se resume ao ganho de dinheiro por parte da burguesia. Por isso, é inadmissível que a esquerda endosse essa discussão. Afinal, não é papel da esquerda defender a punição na sociedade capitalista – não resolve nenhum problema e só fortalece a burguesia.