O capitalismo constantemente tenta incutir na cabeça das mulheres que ser mãe é quase como um dever, que sem filhos e família, as mulheres seriam incompletas, contudo, se esquecem de mostrar que a realidade das mães trabalhadoras é dura e precária. Muitas mulheres têm recorrido ao “empreendedorismo” após terem filhos, pois, em geral, o mercado de trabalho formal fecha as portas para essas mulheres ou pagam remunerações muito baixas, justamente por serem mães.
Muitas dessas mulheres são constrangidas em entrevistas de emprego com perguntas sobre possuir filhos, a idade deles, se tem com quem deixar, virando quase um interrogatório. Toda essa hostilidade, falta de apoio social, falta de creches públicas – segundo dados da Pnad Contínua da Educação, cerca de 6,7 milhões de crianças ainda estavam fora das creches em 2018. – faz com que muitas mulheres acabem tendo que criar seus próprios negócios, trabalhar em casa acaba virando uma realidade já que o mercado de trabalho se fecha para as mulheres trabalhadoras que viram mães.
Mas, se engana quem pensa que essa jornada de mulheres pobres que tentam virar “empreendedoras” é fácil. O capitalismo, ao mesmo tempo que lucra na onda das pautas identitátias, fazendo parecer que defendem que as mulheres tenham sua independência financeira, que caiam no conto do “empoderamento” individual, no discurso meritocrático, faz com que as mulheres sejam rebaixadas no mercado de trabalho, fazendo com que elas tenham que recorrer a alternativas precárias. A maioria dos empregadores entendem que as mulheres são responsáveis pela casa e pelos filhos e por isso, não conseguirão cumprir as responsabilidades de um trabalho.
Outro ponto importante nesse problema do “empreendedorismo” no lugar do trabalho formal é que se demora muito para conseguir uma renda fixa a longo prazo, o que dificulta também a aposentadoria dessas mulheres, que ficaram sem poder contribuir e não terão como contabilizar tempo de trabalho. Enquanto capitalismo for o modelo econômico que reina, as mulheres não terão espaço em lugar algum que não seja ficar dentro de casa cumprindo as tarefas do lar, como escravas.