O ataque racista aconteceu na noite da última terça-feira (24/12) em um condomínio do bairro Santa Maria, em Contagem (MG). O porteiro do prédio foi agredido por uma moradora por cumprir a orientação da administração do condomínio, a qual determinou que os visitantes deveriam ligar para os moradores que deveriam descer à portaria para autorizar a entrada, tendo em vista o interfone do prédio estar quebrado.
A moradora, Ariane E. V. de 31 anos, se revoltou ao ser informada do procedimento pela mãe, sua convidada, e que aguardava na portaria. Ao passar o telefone para o porteiro, a moradora estava extremamente irritada e alterada, e questionou se teria que descer para autorizar todos os convidados que ela esperava, o que foi respondido pelo porteiro, que essa era a orientação recebida.
Ao descer para autorizar a entrada da mãe, Ariane dirigiu vários palavrões ao porteiro, culpando o porteiro pelo incômodo e o agrediu com a expressão “seu macaco e nojento”. As agressões foram presenciadas por outros moradores, que se indignaram com o comportamento da mulher e ligaram para a polícia. Um dos moradores aceitou seguir à delegacia e servir de testemunha à queixa prestada pelo porteiro, assim, a moradora foi presa pela guarnição da PM. Esta vai responder pelo crime de “injúria racial” e irá responder em liberdade pois pagou fiança de 2 mil reais.
Em depoimento à polícia Ariane negou ter agredido o porteiro, que simplesmente saiu “xingando sozinha e sem direcionar qualquer xingamento a alguém do condomínio”. Disse ainda disse ainda que “até gosta de pessoas de cor negra” não tendo problemas com etnia ou religião.
O caso é só mais um exemplo dos ataques que trabalhadores negros sofrem cotidianamente. Casos como esse mostram a covardia desferida contra um trabalhador que está simplesmente realizando o seu trabalho conforme lhe é determinado e está numa posição extremamente desfavorável pois, assim como outros trabalhadores domésticos, o porteiro se vê numa situação que ele não pode nem pensar em devolver as agressões recebidas, como se diz, tem que aguentar humilhações diárias, calado. Até o fato dele ter prestado queixa por uma agressão covarde, pode leva-lo a ser demitido do emprego. Nesses momentos que se vê a importância de organizações de defesa do trabalhador.
Os ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016, com a reforma trabalhista, previdenciária, redução de benefícios e negativas da justiça trabalhista, tem aumentado a precarização das condições de trabalho e aumentado a vulnerabilidade dos trabalhadores que cada vez mais estão expostos a agressões da burguesia.
Assim, é importante destacar que não serão as “lutas” por mais leis ou mais prisões para atos racistas ou contra os trabalhadores ou discursos de políticos no parlamento que resolverão a situação. Somente é possível fazer frente a estas agressões dos patrões organizando coletivamente os trabalhadores por meio de sindicatos, comitês de autodefesa, integrando partidos políticos que defendam uma política que atendam às necessidades dos trabalhadores.